O acordo prevê o estabelecimento de um "tribunal eleitoral", uma questão central no decurso das conversações na capital egípcia, e um compromisso para fazer respeitar as "liberdades públicas" durante as campanhas eleitorais e o escrutínio, precisa um comunicado do Hamas, no poder na Faixa de Gaza.
Num comunicado conjunto, o conjunto das fações palestinianas reunidas na capital do Egito, incluindo o Hamas e a Fatah, concordarem em "aceitar as datas das eleições [anunciadas pela presidência palestiniana], e realizá-las na cidade de Jerusalém, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, e respeitar e aceitar os seus resultados".
Num outro comunicado, Jibril Rajoub, chefe da delegação ao Cairo do partido Fatah do Presidente da Autoridade Nacional Palestiniana, Mahmud Abbas, com sede na Cisjordânia ocupada, felicitou-se com o acordo e o "roteiro" para as eleições, que testemunha a "unidade palestiniana".
Em 15 de janeiro, alguns dias antes da chegada à Casa Branca de Joe Biden, Abbas assinou um decreto para a realização, respetivamente, de eleições legislativas e presidenciais em maio e julho próximos, as primeiras desde 2005.
A decisão foi considerada por analistas como uma forma para os palestinianos de garantirem legitimidade. E falar a uma só voz para retomar o contacto com os Estados Unidos, interrompido em 2017 com a administração de Donald Trump que reconheceu Jerusalém como capital de Israel e de seguida anunciou um plano que prevê a anexação de faixas territoriais da Cisjordânia pelo Estado judaico.
Pelo facto de os palestinianos estarem divididos entre duas administrações, a do Hamas que controla a Faixa de Gaza e a da Autoridade Nacional Palestiniana, dominada pela Fatah, na Cisjordânia ocupada, os dois campos deveriam entender-se sobre diversos mecanismos para a realização das eleições.
Um dos desafios decisivos relacionava-se com a entidade jurídica que deverá validar os resultados no caso de diferendos. Sobre este ponto, as fações palestinianas concordaram no Cairo respeitar o princípio de um "tribunal eleitoral consensual", mas sem definirem de momento as modalidades práticas.
"Estão previstas novas discussões em março na capital egípcia", indicou o Hamas.