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Ativista foge de perseguição política no Uganda e pede asilo ao Quénia

A médica e ativista ugandesa Stella Nyanzi, conhecida pelos seus poemas satíricos e críticos do Governo do Uganda, fugiu da perseguição no seu país e refugiou-se no Quénia, foi hoje noticiado.

Ativista foge de perseguição política no Uganda e pede asilo ao Quénia
Notícias ao Minuto

18:18 - 03/02/21 por Lusa

Mundo Stella Nyanzi

Nyanzi, de 46 anos, viajou para o país vizinho "para escapar à perseguição política por parte do regime ugandês", explicou fonte próxima da ativista, citada pela agência de notícias espanhola Efe.

Em declarações ao jornal ugandês Daily Monitor, o advogado da ativista, George Luchiri Wajackoyah, explicou que a sua cliente deu início aos tramites para obter "asilo político no Quénia".

Em novembro de 2018, Nyanzi, que é também antropóloga e antiga investigadora da Universidade de Makerere em Kampala, foi presa depois de ser acusada de "perseguir virtualmente" o Presidente ugandês, Yoweri Museveni, e de usar "linguagem ofensiva", acusações pelas quais foi enviada para uma prisão de segurança máxima até 20 de fevereiro de 2020.

Nyanzi tinha colocado um poema na rede social Facebook, em 16 de setembro de 2018, um dia depois de Museveni fazer 74 anos, no qual sugeriu várias mortes possíveis para o chefe de Estado e expressou o seu desejo de que todas elas tivessem acontecido.

Graças aos seus poemas e às suas publicações nas redes sociais, nas quais usa metáforas sexuais e linguagem explícita para confrontar o Governo, Nyanzi tornou-se uma das vozes mais críticas contra o Presidente ugandês, de 76 anos, reeleito em janeiro.

Vários partidos da oposição denunciaram que o executivo iniciou uma repressão para prender e até torturar todos os dissidentes do regime.

Numa conferência de imprensa na terça-feira, o secretário-geral da Plataforma para a Unidade Nacional (partido político do músico e líder da oposição Bobi Wine), David Lewis Rubongoya, disse que cerca de 3.000 apoiantes do Wine ainda estão detidos ou foram "raptados" pelas "forças de segurança do Estado".

De acordo com a Comissão Eleitoral do Uganda, Museveni foi reeleito nas eleições presidenciais de 14 de janeiro com 58,38% dos votos, mas a Wine rejeitou esses resultados e contestou-os no Supremo Tribunal.

Nyanzi, que trabalhou como investigadora na Universidade de Makerere, uma das mais importantes universidades da África Oriental, é médica e antropóloga e escreveu sobre o vírus da sida (VIH), sexualidade e saúde das mulheres, além de lançar uma campanha para obter pensos higiénicos e produtos íntimos gratuitos para raparigas.

É também pioneira dos estudos "queer" africanos, um termo inglês adotado pela comunidade LGBT para quem não se identifica como heterossexual.

Museveni, que no passado participou em rebeliões militares para derrubar os presidentes ugandeses Idi Amin (1971-1979) e Milton Obote (1980-1985), tem governado o país desde 1986.

Leia Também: Uganda suspende fundo europeu a favor da democracia e boa governação

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