Os talibãs estão determinados a respeitar o acordo de Doha, que prevê a retirada total das tropas norte-americanas do Afeganistão até maio, e "não o violaram de forma alguma", declarou Mohammad Naeem, um porta-voz dos rebeldes, à agência France Presse.
Ao contrário, os norte-americanos "violam-no quase diariamente" ao "bombardearem civis, casas e aldeias", afirmou, considerando-o não apenas uma "violação de um acordo, mas uma violação dos direitos humanos".
O exército norte-americano realizou nos últimos meses vários ataques aéreos contra os talibãs, em apoio às forças governamentais afegãs.
Esta réplica dos insurgentes surge depois de na quinta-feira o porta-voz do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, John Kirby, ter criticado os talibãs por violarem os termos do acordo.
"Enquanto eles não respeitarem o seu compromisso de renunciar ao terrorismo e pôr fim aos ataques violentos contra o exército afegão (...), é muito difícil ver como chegar a um acordo negociado", disse Kirby, que mencionou explicitamente os laços entre os talibãs e a organização terrorista internacional Al-Qaida.
Foi a primeira vez que a administração do novo presidente, Joe Biden, que já tinha anunciado pretender "avaliar" o respeito pelos talibãs dos seus compromissos, faz um julgamento tão claro sobre a atitude dos rebeldes afegãos.
No quadro do acordo, a saída das tropas norte-americanas do território afegão tem como contrapartida o compromisso dos rebeldes de não permitirem que grupos terroristas ajam nas áreas que controlam e de não mais atacarem os militares dos Estados Unidos.
Permitiu igualmente o início das primeiras negociações de paz diretas entre os talibãs e o governo afegão, que começaram em setembro de 2020, mas que ainda não tiveram resultados concretos quanto a uma redução da violência.
Nos últimos meses registou-se um aumento da violência em várias províncias do Afeganistão, onde os assassínios seletivos de jornalistas, políticos e defensores dos direitos humanos são cada vez mais frequentes.
Na semana passada, duas juízas do Supremo Tribunal afegão foram mortas a tiro em Cabul, na capital, que tem sido palco de vários atentados.