Os primeiros dias de 2021 foram os mais violentos "em termos de massacres, confrontos armados e ameaças contra líderes comunitários" desde a assinatura do pacto que permitiu o desarmamento da mais antiga força rebelde do continente americano, denunciou o JEP, em comunicado.
Segundo aquela instituição, criada na sequência do acordo de 2016 para julgar os crimes mais graves do conflito, entre 01 e 24 de janeiro foram registados 14 confrontos armados entre grupos ilegais e a polícia, contra nove no mesmo período do ano passado.
O JEP denuncia ainda o assassinato de 14 líderes comunitários ou defensores de direitos, além de cinco antigos combatentes das Farc e sete confrontos entre grupos armados.
As ameaças de morte a líderes comunitários e defensores de direitos aumentaram de quatro para 13 e os massacres (assassinatos simultâneos de pelo menos três pessoas, segundo a definição da ONU) subiram de cinco para seis.
Flagelada por mais de seis décadas de uma guerra civil complexa, a Colômbia esperava 'virar a página' com o desarmamento das milícias paramilitares de extrema-direita, em 2006, assim como com a transformação, em 2017, das Forças armadas revolucionárias da Colômbia (Farc) em partido político legalizado.
Porém, o conflito teve um ressurgimento nas regiões mais remotas do país, com o crescimento de grupos armados que substituíram o Estado no controlo dos antigos redutos da antiga guerrilha marxista.
A nova vaga de violência já deu origem a cerca de 200 deslocados e obrigou mais de 80 famílias ao confinamento desde o início do ano, denuncia ainda o JEP.
O Governo de Ivan Duque, de direita, atribui o aumento da violência aos dissidentes das Farc, que rejeitaram o acordo de paz, ao Exército de Libertação Nacional (ELN), última guerrilha ativa, e ainda aos gangues que lutam pelo controlo de locais estratégicos para o tráfico de droga e mineração ilegal.
Os antigos guerrilheiros e líderes comunitários são vistos por essas organizações como obstáculos, especialmente à expansão das plantações de droga.
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