"A França apela a todos os atores para que ponham fim às provocações e atos de intimidação que se têm registado desde as eleições", disse uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, sublinhando "a urgência de um reatamento do diálogo político na Costa do Marfim".
O impasse político persistiu hoje na Costa do Marfim, onde a violência pós-eleitoral se agravou com a morte de duas pessoas perto da capital Yamoussoukro, apesar dos apelos à calma da comunidade internacional.
Os principais líderes da oposição, que não reconhecem a reeleição do Presidente Alassane Ouattara para um terceiro mandato controverso e criaram um "Conselho Nacional de Transição", permaneceram impedidos pelas autoridades de saírem de casa.
O país aguarda a validação do Conselho Constitucional, ou não, da reeleição de Ouattara, cuja candidatura a oposição considera inconstitucional, com um resultado esmagador (94,2%).
Dois jovens da comitiva do ministro do Equipamento, Amedé Koffi Kouakou, foram mortos em escaramuças perto da sua residência secundária em Toumodi (centro), já abalada por distúrbios mortais desde a votação de sábado, disse Mamadou Touré, o porta-voz do partido no poder.
Quatro membros da mesma família foram mortos quando a sua casa foi incendiada no domingo durante os distúrbios na cidade perto da capital.
Touré, que é igualmente o ministro da Promoção da Juventude, disse também que "o comboio de Sidi Tiemoko Touré", ministro da Comunicação e porta-voz do Governo, tinha sido "atingido por tiros entre Beoumi e Bouaké (centro), sem que resultassem vítimas.
Um guarda-costas do ministro do Orçamento, Moussa Touré, foi morto no domingo em Yamoussoukro, confirmou hoje Mamadou Touré.
"Condeno firmemente a lógica da violência por parte da oposição que armou estes jovens", acrescentou o porta-voz.
O número exato da violência eleitoral, que muitas vezes degenerou em confrontos interétnicos, é difícil de estabelecer, mas com estas novas mortes o número de mortos aumentou para pelo menos 13 desde a o sufrágio presidencial de sábado, e para pelo menos 40 desde agosto, incluindo confrontos antes da votação, de acordo com a contagem da agência France-Presse.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, exortou "o Presidente e os principais líderes da oposição a empenharem-se num diálogo construtivo e inclusivo para encontrarem uma saída para a crise atual".
Dez anos após a crise pós-eleitoral de 2020-2011, na qual 3.000 pessoas morreram após o Presidente Laurent Gbagbo se recusar a reconhecer a vitória de Ouattara, a ONU também apelou a "todos os atores políticos para que respeitem a ordem constitucional do país e os princípios do Estado de direito".
Numa declaração conjunta, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a União Europeia (UE) e a ONU apelaram à oposição na Costa do Marfim para "respeitar a ordem constitucional" e "favorecer o caminho do diálogo".
A embaixada dos Estados Unidos da América apelou igualmente a "um diálogo inclusivo".