Gesto de reconciliação no aniversário do fim da guerra na Croácia

Um alto responsável da minoria sérvia na Croácia juntou-se hoje à celebração do 25.º aniversário do fim da guerra da independência, um gesto inédito de reconciliação entre sérvios e croatas, cujas relações permanecem frágeis.

croacia bandeira

© Getty Images

Lusa
05/08/2020 15:51 ‧ 05/08/2020 por Lusa

Mundo

Croácia

A operação batizada de "Tempestade" ("Oluja") é comemorada na Croácia como uma vitória histórica que conduziu ao fim do conflito, entre 1991 e 1995, com os sérvios da Croácia.

Porém, é visto na Sérvia, que apoiou política e militarmente os sérvios na Croácia, como uma operação de limpeza étnica que forçou as populações sérvias a sair da Croácia.

Boris Milosevic, vice-primeiro ministro do governo croata, é o primeiro representante político dos sérvios na Croácia a participar na cerimónia anual em Knin, um antigo bastião dos independentistas sérvios, capturado pelas forças croatas há um quarto de século.

O gesto é simbólico, testemunhando um desejo de ambos os lados, croatas e sérvios da Croácia, de melhorar as relações, que permaneceram frágeis após o fim do conflito. A minoria sérvia representa 4,5% dos 4,2 milhões de habitantes do país.

"Lamentamos todas as vítimas, particularmente as civis e não apenas os croatas, mas também os sérvios e outros", declarou o primeiro-ministro, Andrej Plenkovic, durante a cerimónia.

"O legítimo direito à defesa não pode ser uma desculpa para os erros", acrescentou, descrevendo os crimes de guerra cometidos pelas forças croatas durante a operação como uma "feia cicatriz na cara justa" da guerra da independência.

Boris Milosevic, cuja avó foi morta no dia seguinte à operação "Tempestade", recebeu "uma mensagem de paz e reconciliação".

"Estou convencido de que este é um primeiro passo", afirmou aos jornalistas, em Knin.

Outro gesto simbólico no final do mês é a presença do ministro da Defesa croata, Tomo Medved, numa cerimónia em memória de seis civis sérvios mortos após o fim da operação "Tempestade".

Porém, na Sérvia, políticos e tabloides pró-governo classificaram como "sem vergonha" a decisão de Milosevic.

"Não queremos celebrar a tragédia do povo sérvio e a Sérvio jamais aceitará essa humilhação", comentou o Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, numa comemoração em memória das vítimas da operação "Tempestade" na noite de terça-feira, em Sremska Raca, numa ponte sobre o rio Sava, que liga a Sérvia à Bósnia.

Nessa ponte, pela qual passou a maioria dos sérvios que fugiam da Croácia, Vucic e Milorad Dodik, membro sérvio da Presidência bósnia, revelaram uma placa comemorativa.

O conflito entre 1991 e 1995, que provocou cerca de 20.000 mortos, eclodiu quando a Croácia declarou independência, à qual os sérvios da Croácia se opuseram.

Os rebeldes sérvios ocupavam um terço do território croata, forçando mais de 500.000 croatas e outros não-sérvios a fugir de suas casas.

Após a operação "Tempestade", centenas de civis sérvios, principalmente idosos, foram mortos e cerca de 200.000 pessoas fugiram da Croácia. Desde então, cerca de metade voltou a viver na Croácia.

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