A declaração foi feita depois de a administração do Presidente norte-americano, Donald Trump, ter afirmado estar disposta a conversar com o Irão "sem pré-condições", mas acrescentado que continuará a fazer uma campanha de pressão contra a República Islâmica.
Num discurso transmitido na televisão para marcar o início do "Eid al-Adha" (Festa do Sacrifício, que faz parte da tradição muçulmana e marca o final do período de peregrinação a Meca), Ali Khamenei disse que Donald Trump quer "usar as negociações [com o Irão] para fazer propaganda em seu benefício, como fez com as negociações com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un".
Em 2018, Donald Trump retirou unilateralmente os Estados Unidos do acordo nuclear entre o Irão e as potências ocidentais, adotando novas sanções contra o país.
Mais tarde, o Irão respondeu abandonando lentamente quase todas as regras do acordo, ou seja, aumentando as suas capacidades nucleares, embora ainda permita aos inspetores das Nações Unidas terem acesso às suas instalações.
Trump defende que o acordo tem de ser renegociado porque não aborda o programa de mísseis balísticos do Irão nem o seu envolvimento em conflitos regionais, mas os restantes signatários do acordo nuclear - Alemanha, França, Reino Unido, China e Rússia -- querem mantê-lo vivo.
Para Ali Khamenei, os Estados Unidos querem que o Irão renuncie ao seu programa nuclear, às suas capacidades de defesa e à sua autoridade enquanto potência regional.
No seu discurso de hoje, o 'ayatollah' considerou que as sanções económicas impostas ao Irão pelos Estados Unidos são um crime.
"As sanções aparentam ser contra o sistema dominante do Irão, mas são, de facto, contra o povo iraniano", disse.
Um forte aumento do preço da gasolina, que é subsidiado pelo Estado, provocou, em novembro, quatro dias de manifestações nas cidades do Irão, com tumultos que, de acordo com a Amnistia Internacional, levaram à morte de mais de 300 pessoas.