Irão alerta novamente contra prolongamento de embargo às armas
O Presidente iraniano, Hassan Rohani, afirmou hoje que os Estados Unidos fizeram um "erro estúpido" ao abandonarem o acordo nuclear e alertou para graves consequências se os seus aliados aceitarem prolongar o embargo às armas.
© Reuters
Mundo Hassan Rohani
Washington tem vindo a pressionar a Alemanha, a França e o Reino Unido (os três países europeus parte do acordo sobre o nuclear iraniano concluído em Viena em 2015) para conseguir o prolongamento do embargo à venda de armas para a República Islâmica.
Este embargo, que deve começar a ser levantado a partir de outubro, faz parte da resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU, que ratifica o acordo de Viena, denunciado unilateralmente pelo presidente norte-americano, Donald Trump, em maio de 2018, antes de restabelecer sanções económicas contra o Irão.
"A América fez um erro muito estúpido ao abandonar este acordo", declarou Rohani numa reunião do Governo.
"A decisão mais sábia para os Estados Unidos é regressar" ao pacto, adiantou.
Segundo Rohani, o levantamento do embargo às armas é "uma parte indissociável" do acordo nuclear. "Se alguma vez (o embargo) for restabelecido... eles sabem bem as graves consequências que os esperam (...) se cometerem esse erro", disse.
O presidente iraniano não precisou quais serão as consequências, indicando, no entanto, que elas são precisadas numa carta enviada aos países ainda signatários do acordo (além dos três europeus referidos, a Rússia e a China).
O secretário do Conselho Supremo da Segurança Nacional iraniana, Ali Chamkhani, alertou no domingo que prolongar o embargo à venda de armas ao Irão como quer os Estados Unidos acabaria definitivamente com o que resta do acordo internacional sobre o nuclear.
Os Estados Unidos "devem saber, e alguns outros países também, que o Irão não aceitará de modo nenhum uma violação da resolução 2231", disse, sublinhando que o levantamento do embargo é um "direito inalienável" da República Islâmica.
O acordo de 2015 oferecia a Teerão o levantamento de sanções internacionais que asfixiavam a sua economia em troca de garantias de que o Irão não tentava e não tentaria obter a arma atómica.
Rohani afirmou ainda que o seu país não utilizará as armas que compra para "atiçar o fogo", mas sim para evitar que os conflitos ocorram.
Washington quer impedir o levantamento do embargo às armas e já advertiu que analisa "todas as hipóteses" para o conseguir.
O Departamento de Estado está, assim, a preparar argumentos legais para que os Estados Unidos sejam reconhecidos como um "Estado participante" no acordo de Viena, apesar de se terem retirado do pacto.
A manobra visa forçar os europeus a escolherem entre aceitar prolongar o embargo às armas ou permitir aos Estados Unidos desencadear, enquanto "Estado participante", a reimposição de todas as sanções internacionais contra o Irão levantadas pela resolução 2231. Para Teerão, tal significaria o fim do acordo.
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