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Cresce mercado negro de testes à Covid-19 nos países africanos

Os testes oficiais à Covid-19 em países populosos da África subsaariana como a Nigéria são residuais e há kits que estão a ser vendidos no mercado negro através de redes sociais e clínicas privadas, segundo fontes regionais.

Cresce mercado negro de testes à Covid-19 nos países africanos
Notícias ao Minuto

10:42 - 21/04/20 por Lusa

Mundo Pandemia

A falta de acesso aos testes ao novo coronavírus é um problema global, especialmente na África subsaariana, onde existe um "enorme fosso" em comparação com outros países, afirmou na semana passada o diretor do Centro da União Africana para o Controlo das Doenças, John Nkengasong.

Na Nigéria, o país mais populoso do continente africano, com 200 milhões de habitantes, este "fosso" é ainda mais gritante do que em outras regiões.

Até agora, a maior economia africana apenas realizou 7.100 testes oficiais.

A título de comparação, o Gana, com uma população seis vezes menor (30 milhões de habitantes), realizou nove vezes mais, com mais de 68.000 testes realizados até segunda-feira.

A África do Sul, com uma população três vezes menor, realizou cerca de 114.000 testes.

"Não temos ideia da extensão da propagação da covid-19 na Nigéria", afirmou um funcionário de um laboratório médico privado.

Este laboratório encomendou milhares de testes e uma máquina que alegadamente permite realizar várias centenas de testes por hora e aguarda "luz verde do Governo", avançou a mesma fonte à agência AFP.

Mas "a procura destes kits fora dos canais oficiais é inimaginável" e está a criar um autêntico mercado paralelo, segundo os relatórios oficiais.

Alguns criminosos estão a tirar partido da exigência do controlo por parte do Centro Nacional de Controlo de Doenças (CNCD), tendo o Governo advertido recentemente os nigerianos para a publicidade a "testes domésticos fraudulentos" que "estão a crescer na internet".

Tal como em muitos outros países, e por razões óbvias de segurança, o equipamento especializado e os testes são supervisionados pelas autoridades oficiais.

O NCDC está a realizar programas de testes porta-a-porta em Abuja, e o estado de Lagos, o centro da contaminação, está a tentar desenvolver uma rede de rastreio em todos os seus bairros.

Em meados de abril, a Nigéria tinha 12 laboratórios para os seus 36 estados, com capacidade para processar entre 1.000 e 1.500 testes por dia.

O setor público da saúde apresenta muitas deficiências, com quase 80% das instituições de saúde do país a não terem água corrente, disse no mês passado o presidente da Associação Médica da Nigéria (NMA), Francis Faduyile.

"Os meus doentes têm medo de que eu os denuncie ao NCDC", disse o médico de uma clínica privada à agência AFP. "Antes de vir para uma consulta, perguntam-me: Se eu for, não me mandam para Yaba?", referindo-se a um dos centros de isolamento covid-19, em Lagos.

O médico já tinha visto uma dúzia de doentes suspeitos de terem sido infetados com o novo coronavírus no início de abril, mas apenas um aceitou ser testado.

Por seu lado, o ritmo dos testes oficiais é "demasiado lento", lamenta Zouera Issoufou, diretor-geral da Fundação Dangote, que recebeu o nome do homem mais rico de África e parceiro privado do Governo, que encomendou 250.000 testes.

Mas a procura global está a explodir, e "eles estão a entrar a conta gotas", explica.

Se o número oficial de mortes (20) ligadas à covid-19 continuar tão baixo num país tão populoso "é porque as pessoas não estão a ser testadas", disse Zouera Issoufou.

  África regista 1.136 mortos e 22.513 casos de infeção em 52 países, segundo a última atualização do boletim do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC).

A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 167 mil mortos e infetou mais de 2,4 milhões de pessoas em 193 países e territórios. 

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