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Defesa de Assange afirma que caso será um precedente para jornalistas

A equipa de defesa de Julian Assange, fundador da plataforma WikiLeaks, afirmou hoje que o processo da sua extradição para os EUA pela divulgação de informação confidencial desse país em 2010 vai criar "um precedente para todos os jornalistas".

Defesa de Assange afirma que caso será um precedente para jornalistas
Notícias ao Minuto

20:00 - 18/02/20 por Lusa

Mundo WikiLeaks

Nas vésperas do início do processo, agendado para a próxima segunda-feira em Londres, o atual diretor do portal, o islandês Kristin Hrafnsson, a advogada do informático, Jennifer Robinson, e os deputados australianos George Christensen e Andrew Wilkie compareceram hoje perante os media para denunciar as consequências da detenção de Assange.

Hrafnsson advertiu que o desfecho do julgamento no Reino Unido, que responde a um pedido de extradição entregue pelos Estados Unidos em maio de 2019, determinará o "futuro do jornalismo", por decidir "o que acontece a um jornalista que difunde informação evidente sobre um Estado e de interesse público".

Segundo o islandês, "não existem dúvidas" que Assange atuou como jornalista ao difundir em 2010 os registos militares norte-americanos das guerras do Afeganistão e Iraque, e milhares de mensagens diplomáticas que revelaram abusos dos direitos humanos em todo o mundo.

O australiano de 48 anos, detido na prisão londrina de alta segurança de Belmarsh, recebeu o apoio de jornais como o The Guardian, The New York Times e de ONG como os Repórteres sem Fronteiras (RSF) e Amnistia Internacional (AI).

Detido inicialmente no Reino Unido a pedido da Suécia devido a um alegado caso de violação, entretanto arquivado, Assange passou os últimos dez anos confinado, primeiro sob prisão domiciliária e de seguida como refugiado, na embaixada do Equador em Londres, que em 2019 lhe retirou o asilo político.

Em maio de 2019 os Estados Unidos pediram ao Reino Unido a sua extradição por 18 presumíveis delitos de espionagem e conspiração por cometer ingerência informática, e arrisca 175 anos de prisão caso seja considerado culpado.

Hrafnsson considerou hoje "impossível que o seu colega tenha um julgamento justo nos Estados Unidos, pelo facto de o seu caso "estar politizado" e ser um "preso político", e após os EUA terem referido não considerarem que "os estrangeiros estejam protegidos pela Primeira Emenda" da sua Constituição, relacionada com a liberdade de expressão.

"Os Estados Unidos decidiram que podem perseguir os jornalistas independentemente do sítio em que residam no imundo, que possui jurisdição universal, e como agora, que pretende extraditar um australiano desde o Reino Unido por uma publicação que ocorreu fora das fronteiras norte-americanas", disse.

"Isso é muito sério e uma grave preocupação para todos os jornalistas", acrescentou.

No final da sessão, o pai do detido, John Shipton, declarou que o estado de saúde do seu filho, que estava muito deteriorado, "melhorou", após ser autorizado a sair da sua cela de isolamento e iniciar um regime de exercícios, apesar de assinalar que o seu tratamento no estabelecimento prisional é equivalente a "tortura".

Hrafnsson disse que o fundador do WikiLeaks pode agora sair da sua cela de confinamento solitário devido em parte à campanha dos seus colegas detidos, que demonstraram "mais humanidade face à que por vezes existe fora" da prisão.

Através de uma carta hoje publicada na revista científica The Lancet, mais de uma centena de médicos pediram que Assagne receba tratamento médico urgente na prisão para resolver os seus problemas de saúde física e mental.

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