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Grupos separatistas armados sequestraram mais de 100 pessoas nos Camarões

Vários grupos armados das regiões anglófonas dos Camarões sequestraram mais de cem pessoas desde novembro último até às eleições realizadas no passado domingo, segundo a organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW).

Grupos separatistas armados sequestraram mais de 100 pessoas nos Camarões
Notícias ao Minuto

14:04 - 12/02/20 por Lusa

Mundo Separatistas

"Os líderes separatistas deveriam dar instruções claras aos seus combatentes para acabarem com os crimes contra civis", afirmou o diretor da organização para a África Central, Lewis Mudge, citado pela agência Efe.

A HRW acusou também as forças de segurança camaronesas de não só "não protegerem adequadamente os civis das ameaças dos separatistas", como ainda de "cometerem mais abusos" contra a população durante o período referido.

A ONG fundamenta as suas acusações em entrevistas realizadas a 55 vítimas de abusos e a testemunhos da violência levada a cabo pelos grupos armados separatistas e pelas forças de segurança desde o anúncio em novembro das eleições realizadas no passado dia 9.

A HRW falou ainda com membros da oposição política nos Camarões, candidatos eleitorais e residentes das regiões anglófonas do noroeste e sudoeste do país, assim como analisou imagens recolhidas por satélites e vídeos para corroborar os testemunhos.

"Várias dezenas" de pessoas morreram durante o período em análise em incidentes relacionados com choques entre separatistas e as forças de segurança, assim como entre fações secessionistas rivais, segundo a ONU e a HRW, que admite ser difícil a confirmação fiável do número de mortos devido à inexistência de um mecanismo oficial de monitorização.

Já mais clara foi a ameaça feita pelos separatistas a todos os que manifestaram a intenção de participar nas eleições, fossem candidatos, funcionários eleitorais, ativistas ou eleitores, concretizada através de vários incidentes violentos.

"Nem todos os que quiseram votar nas regiões voláteis dos Camarões puderam fazê-lo em paz e segurança, e cabe ao Governo assacar responsabilidades e todos os responsáveis", sublinhou Mudge.

Em outubro último, um diálogo nacional convocado para tentar encontrar uma solução para as tensões entre o Governo e os separatistas recomendou a criação de um estatuto especial para as regiões de língua inglesa do país.

A crise das regiões anglófonas, que começou em 2016 com protestos pacíficos e a exigência de um uso mais igualitário do inglês nos tribunais e nas escolas, numa nação em que 80% da população é francófona, agudizou-se em finais de 2017.

Nesse ano, em resposta à repressão violenta do exército de uma comemoração de independência simbólica das regiões anglófonas, muitos grupos separatistas pegaram em armas para exigirem mais direitos.

O conflito nestas regiões, onde vivem 3 milhões de pessoas, causou cerca de 3 mil mortos, de acordo com o International Crisis Group (ICG), e provocou mais de 530 mil deslocados, segundo a agência da ONU para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA).

Os Camarões foi uma colónia britânica e francesa até 1960, ano em que se tornou independente de ambas as potências e instituiu um estado federal. Em 1972 foi celebrado um referendo, que deu luz verde à unificação do país.

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