França: Milhares voltam a protestar contra mudança nas reformas
Quase meio milhão de pessoas manifestaram-se hoje nas ruas de Paris contra a mudança do sistema de reformas, segundo os sindicalistas, numa altura em que o projeto já foi debatido em Conselho de Ministros.
© Reuters
Mundo França
"Macron demita-se", gritaram milhares de manifestantes, referindo-se ao Presidente que fez da reforça das pensões uma bandeira do seu programa de "transformação da França".
Os manifestantes, alguns vestidos de agentes funerários, empunhavam os habituais cartazes a apelar a "reformas por pontos" e a contestar a idade de aposentadoria.
Segundo o sindicato CGT (Confederação Geral do Trabalho) estiveram, nas ruas de Paris, entre 350 e 400 mil pessoas, número que não pôde ser comparado com dados das autoridades.
"Este movimento continua fortíssimo, temos taxas de greve significativas e não é trabalho de umas poucas pessoas marginais", disse o secretário-geral da FSU (Federação Sindical Unitária), Benoît Teste.
No 51.º dia de um movimento iniciado em 05 de dezembro, "a mobilização continua a ser importante", assegurou Philippe Martinez, secretário-geral do sindicato CGT.
"O governo está a apostar na teimosia e nós temos de continuar a pressionar", afirmou.
A proposta de reforma do sistema de pensões tem sido contestada através de greves e manifestações, apesar de já ter levado à demissão do ministro Jean-Paul Delevoye, mentor do projeto e apelidado de "senhor reformas".
A proposta já levou a greve geral, que fechou escolas, paralisou os transportes e deixou hospitais a meio gás, sendo que as paralisações têm sido particularmente frequentes e fortes no setor dos transportes.
Segundo o projeto, a idade prevista para a reforma dos franceses deverá passar dos atuais 62 para os 64 anos a fim de equilibrar o sistema financeiro.
A proposta prevê também que os trabalhadores que se aposentarem antes dessa idade sofrerão uma redução nas suas pensões, enquanto os que saírem mais tarde da vida ativa terão um "bónus".
A proposta é considerada "inaceitável" pelos sindicatos, nomeadamente pelo CFDT, o maior sindicato francês, que, apesar de ser a favor da unificação dos atuais 42 sistemas de pensões, colocou a idade prevista para reforma como "uma linha vermelha".
A apresentação do projeto em Conselho de Ministros foi feita depois de o Governo ter desistido de impor a mudança da idade de reforma já em 2022, o que tornou possível obter o apoio dos sindicatos mais reformistas, mas a questão "permanece na lei", alertou o ministro da Solidariedade e Saúde, Agnes Buzyn.
Uma nova mobilização foi marcada para a próxima quarta-feira, dia 29, cerca de duas semanas antes do debate no parlamento, agendado para 17 de fevereiro, sendo que a primeira votação deverá acontecer no início de março.
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