França: Milhares voltam a protestar contra mudança nas reformas

Quase meio milhão de pessoas manifestaram-se hoje nas ruas de Paris contra a mudança do sistema de reformas, segundo os sindicalistas, numa altura em que o projeto já foi debatido em Conselho de Ministros.

Manifestações contra austeridade juntam milhares em França

© Reuters

Lusa
24/01/2020 16:52 ‧ 24/01/2020 por Lusa

Mundo

França

"Macron demita-se", gritaram milhares de manifestantes, referindo-se ao Presidente que fez da reforça das pensões uma bandeira do seu programa de "transformação da França".

Os manifestantes, alguns vestidos de agentes funerários, empunhavam os habituais cartazes a apelar a "reformas por pontos" e a contestar a idade de aposentadoria.

Segundo o sindicato CGT (Confederação Geral do Trabalho) estiveram, nas ruas de Paris, entre 350 e 400 mil pessoas, número que não pôde ser comparado com dados das autoridades.

"Este movimento continua fortíssimo, temos taxas de greve significativas e não é trabalho de umas poucas pessoas marginais", disse o secretário-geral da FSU (Federação Sindical Unitária), Benoît Teste.

No 51.º dia de um movimento iniciado em 05 de dezembro, "a mobilização continua a ser importante", assegurou Philippe Martinez, secretário-geral do sindicato CGT.

"O governo está a apostar na teimosia e nós temos de continuar a pressionar", afirmou.

A proposta de reforma do sistema de pensões tem sido contestada através de greves e manifestações, apesar de já ter levado à demissão do ministro Jean-Paul Delevoye, mentor do projeto e apelidado de "senhor reformas".

A proposta já levou a greve geral, que fechou escolas, paralisou os transportes e deixou hospitais a meio gás, sendo que as paralisações têm sido particularmente frequentes e fortes no setor dos transportes.

Segundo o projeto, a idade prevista para a reforma dos franceses deverá passar dos atuais 62 para os 64 anos a fim de equilibrar o sistema financeiro.

A proposta prevê também que os trabalhadores que se aposentarem antes dessa idade sofrerão uma redução nas suas pensões, enquanto os que saírem mais tarde da vida ativa terão um "bónus".

A proposta é considerada "inaceitável" pelos sindicatos, nomeadamente pelo CFDT, o maior sindicato francês, que, apesar de ser a favor da unificação dos atuais 42 sistemas de pensões, colocou a idade prevista para reforma como "uma linha vermelha".

A apresentação do projeto em Conselho de Ministros foi feita depois de o Governo ter desistido de impor a mudança da idade de reforma já em 2022, o que tornou possível obter o apoio dos sindicatos mais reformistas, mas a questão "permanece na lei", alertou o ministro da Solidariedade e Saúde, Agnes Buzyn.

Uma nova mobilização foi marcada para a próxima quarta-feira, dia 29, cerca de duas semanas antes do debate no parlamento, agendado para 17 de fevereiro, sendo que a primeira votação deverá acontecer no início de março.

 

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas