Se o Partido Conservador confirmar a maioria dos 650 assentos na Câmara dos Comuns, na sexta-feira de manhã Boris Johnson pode deslocar-se ao Palácio de Buckingham e pedir à rainha Isabel II permissão para formar governo.
Depois, regressa à residência oficial, em Downing Street, para fazer um primeiro discurso oficial sobre as intenções e prioridades dos próximos cinco anos.
O atual governo já deu a conhecer a intenção de convocar o parlamento na terça-feira seguinte, 17 de dezembro, e de realizar o Discurso da Rainha para apresentar o programa legislativo na quinta-feira, numa cerimónia mais discreta do que o habitual, sem a coroa ou trajes protocolares.
No programa eleitoral, o Partido Conservador prometeu iniciar "antes do Natal" o processo legislativo para ratificar o acordo de saída do Reino Unido negociado por Boris Johnson com Bruxelas em outubro para garantir a saída da União Europeia (UE) em 31 de janeiro, pelo que as férias poderão ser adiadas.
Segue-se a apresentação de um novo orçamento em fevereiro, incluindo o corte de impostos, e uma série de medidas para completar até março, como impedir a libertação antecipada de criminosos perigosos, aumentar o financiamento para a educação e saúde e estabelecer um novo sistema de imigração.
Se nem o Partido Conservador nem o Partido Trabalhista tiverem uma maioria para formar governo, é provável que o Discurso da Rainha só tenha lugar em janeiro, pois é necessário um processo para que Boris Johnson ou o líder do 'Labour', Jeremy Corbyn, procurem apoios junto de outros partidos.
Em 2010, o Partido Conservador de David Cameron demorou cinco dias até concluir um acordo de coligação com os Liberais Democratas, mas a atual líder dos 'Lib Dems', Jo Swinson, manifestou-se indisponível para apoiar Johnson ou Corbyn.
Porque não existe uma Constituição escrita, a tradição dita que o primeiro-ministro em funções renuncie se for óbvio que não vai ter a confiança do parlamento, mas Boris Johnson pode manter-se no cargo até surgir uma alternativa sólida ou até perder uma moção de censura.
Se os partidos da oposição conseguirem entender-se, formando uma coligação ou através de um pacto de apoio no parlamento em votações chave, então a pressão aumenta para que o primeiro-ministro apresente a demissão.
Partidos Trabalhista, Liberal Democrata, Nacionalista Escocês, Plaid Cymru e Verdes têm em comum o desejo de um novo referendo ao Brexit, mas discordam na forma de conduzir o processo e em questões como a independência da Escócia ou a economia britânica, pelo que as negociações podem prolongar-se.