O veredicto do tribunal foi conhecido hoje e concede aos hindus a autorização para construir um templo onde acreditam que terá nascido o deus Ram e onde, durante séculos, os muçulmanos rezaram até ter sido destruída a sua mesquita Babri, em 1992.
O tribunal decidiu atribuir aos muçulmanos um lugar alternativo em Ayodhya para que possam construir uma nova mesquita.
No entanto, a comunidade muçulmana daquela região já anunciou que vai analisar a hipótese de recorrer da decisão: "Respeitamos a decisão mas não estamos satisfeitos", afirmou o advogado que defende os muçulmanos.
Teme-se que a decisão judicial reabra feridas religiosas na Índia. A disputa centra-se em torno da mesquita de Babri, construída no século XVI e onde a comunidade muçulmana prestou culto durante séculos até ter sido derrubada pelos hindus.
A destruição da mesquita em 1992 provocou tumultos entre hindus e muçulmanos nos quais morreram cerca de duas mil pessoas.
O perigo da decisão num país de maioria hindu (79,8%) - com uma das populações muçulmanas mais importantes (14,2%) - é que se volte a quebrar a harmonia religiosa e sejam desencadeados novamente distúrbios.
Aqueles foram os piores confrontos entre as duas comunidades desde a divisão do subcontinente indiano em 1947, após a independência do Império Britânico.
Mais recentemente, em 2002, houve novos distúrbios contra a minoria muçulmana no estado oriental de Gujarat, então governado pelo atual primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que causou quase mil mortes.
Ativistas e académicos defenderam que o problema foi explorado por organizações hindus conservadoras, como o Vishwa Hindu Parishad (VHP) ou o partido nacionalista hindu Bharatiya Janata Party (BJP), atualmente no Governo, para obter ganhos políticos.