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"Vox tem tudo a ganhar" após "tiros que saíram pela culatra" a Sánchez

A Espanha tem eleições legislativas no domingo, as segundas este ano e as quartas nos últimos quatro anos, depois de uma campanha eleitoral dominada pelo aumento da violência independentista na Catalunha que reforçou a extrema-direita. Mas resultados... só no fim do encontro que se joga amanhã, dia 9 de novembro.

Notícias ao Minuto

08:09 - 09/11/19 por Lusa com Ana Lemos

Mundo Eleições/Espanha

O Partido Socialista e Operário Espanhol (PSOE) está à frente nas intenções de voto, mas deverá ter uma votação ligeiramente mais baixa do que a que conseguiu em abril, quando foi incapaz de conseguir o apoio dos partidos à sua esquerda para renovar o Governo liderado pelo primeiro-ministro, Pedro Sánchez.

"O voto está tão fragmentado que é impossível saber o que pode acontecer", disse à Lusa o professor de Direito e de Relações Internacionais na Universidade Europeia de Valência Jorge Sánchez-Tarazaga.

As sondagens, que só puderam ser publicadas até ao início desta semana, mostravam um aumento importante do número de deputados eleitos pelo Vox, que poderia passar a ser a terceira maior força política no parlamento nacional, a seguir ao PSOE e ao Partido Popular (PP - direita).

Esta formação ultranacionalista e anti-imigração foi essencial, nos últimos meses, para que coligações entre o PP e o Cidadãos (direita liberal) subissem ao poder em várias comunidades autónomas: Andaluzia, Madrid e Múrcia.

Vox tem tudo a ganhar e todos os outros podem perder muito"As promessas de Pedro Sánchez de se concentrar na próxima legislatura em temas económicos e de endurecer a sua política em relação à Catalunha foram "tiros que saíram pela culatra", disse Jorge Sánchez-Tarazaga, sublinhando que essas promessas não fortaleceram os socialistas e parecem mesmo ter travado o crescimento que o PSOE parecia registar nas primeiras sondagens, no início de outubro.

O apoio ao PP e Vox está a crescer, em parte devido à fuga de votantes do Cidadãos, mas também depois do aumento da violência separatista na Catalunha na sequência da condenação a penas de prisão, em meados de outubro, de nove políticos independentistas envolvidos na tentativa de autodeterminação de 2017.

"O Vox tem tudo a ganhar e todos os outros podem perder muito", assegura Sánchez-Tarazaga, acrescentando que "a cabeça de um ou outro líder pode rolar se perderem votos".

Ao tentar atrair os espanhóis frustrados com a tentativa de independência e o desafio separatista, Sánchez prometeu voltar a aprovar legislação para permitir penas de prisão para aqueles que realizarem referendos proibidos, fazendo marcha atrás na posição socialista anterior e dando um passo na direção de posições da direita.

Segundo o catedrático, o voto está a ficar de tal forma polarizado que a taxa de participação nas eleições "até pode subir", depois de se ter receado uma baixa motivada pelo facto de os espanhóis estarem "fartos da incapacidade dos políticos" em conseguir formar um Governo estável.

A tentativa de aproximação dos socialistas ao espaço do centro, para ganhar votos, foi acompanhada também por uma campanha para incutir o medo nas ideias da direita e muito em particular de extrema-direita.

A reta final da campanha eleitoral, que terminou esta sexta-feira, foi marcada pela proposta do Vox de ilegalizar os partidos independentistas, feita no parlamento regional de Madrid, que conseguiu receber o apoio do PP e Cidadãos e foi repudiada por toda a esquerda.

Alguns observadores falam na possibilidade de um pacto pós-eleitoral entre os partidos centrais do sistema político espanhol (PSOE, PP e Cidadãos) para que haja uma abstenção "tática" a permitir que o mais votado forme um Governo minoritário.

Mesmo esta possibilidade "é muito incerta, porque estes partidos teriam de ter uma votação elevada no seu conjunto", havendo sempre a incerteza do que faria o Cidadãos, "um partido que diz querer governar, mas não deixa mais ninguém governar", diz Sánchez-Tarazaga.

Nas últimas eleições, em 28 de abril, o PSOE teve 28,7% dos votos, seguido pelo PP 16,7%, o Cidadãos 15,9%, o Unidas Podemos 14,3% e o Vox 10,3%. Agora, e segundo as sondagens publicadas no início da semana e que podem já estar ultrapassadas, o PSOE deverá voltar a ganhar as eleições, mas com uma queda ligeira, seguido pelo PP que sobe para cerca de 21% e o Vox, também a crescer, para cerca de 13%.

A forte subida dos dois partidos de direita é feita à custa do Cidadãos, que baixaria para 8-9%, enquanto à esquerda o Unidas Podemos pode descer para 13%. A todos estes partidos junta-se agora o Mais País, uma formação criada por um ex-fundador do Podemos, que apesar das sondagens indicarem uma votação reduzida, 3-4%, poderá roubar alguns votos aos restantes dois principais partidos da esquerda.

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