Observadores da UE lamentam "campanha de silêncio" na Tunísia
A missão de observação da União Europeia (UE) na Tunísia lamentou a "campanha de silêncio" para a segunda volta das presidenciais, a 13 de outubro, com um dos candidatos detido e o outro com a campanha suspensa.
© Reuters
Mundo Tunísia
"O que temos perante nós é uma situação original, uma campanha de silêncio em lugar de uma troca de posicionamentos, porque um não pode fazer campanha e o outro não quer", disse o vice-presidente do Parlamento Europeu (PE) Fabio Massimo Castaldo, chefe da missão de observadores eleitorais da UE às eleições tunisinas.
O candidato Kais Saied anunciou no domingo que suspende a campanha em nome da igualdade de oportunidades do adversário, Nabil Karoui, que está detido.
Os observadores europeus e vários políticos e organismos tunisinos pediram que Karoui, detido desde 23 de agosto por suspeita de fraude fiscal e branqueamento, pudesse fazer campanha, mas os apelos foram ignorados pela justiça.
"Esperamos, apesar de tudo, que haja possibilidade, meios, de permitir a cada candidato exprimir-se", prosseguiu Castaldo, frisando contudo que a missão "respeita plenamente a independência do poder judicial na Tunísia".
"A nossa preocupação é o acesso de cada eleitor às posições dos candidatos para que possa formar uma opinião informada", sublinhou.
Os observadores consideram que "os 'media' públicos respeitaram uma cobertura pluralista e equitativa", mas tal não aconteceu com "os 'media' privados [que] não garantiram, de todo, o respeito por esses princípios".
Castaldo lamentou igualmente que a Nessam TV, propriedade de Karoui, "não esteja autorizada a emitir".
Sobre as eleições legislativas de domingo passado, cujos resultados devem ser anunciados na quarta-feira, os observadores europeus consideram que elas foram "bem organizadas".
Constatando que o próximo parlamento tunisino deverá ter um grande número de partidos representados, o eurodeputado Emmanuel Maurel considerou que tal "não é motivo de preocupação", antes um sinal de que "a Tunísia está a passar de forma acelerada por aquilo que alguns países europeus passaram".
No próximo domingo, sete milhões de tunisinos são chamados às urnas pela terceira vez num mês para eleger o presidente.
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