Mais velho sobrevivente austríaco do Holocausto morre aos 106 anos

Morreu 79 anos depois de um guarda nazi lhe dizer que tinha três meses para viver.

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Sara Gouveia com Lusa
20/09/2019 17:00 ‧ 20/09/2019 por Sara Gouveia com Lusa

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O mais velho sobrevivente austríaco do Holocausto morreu aos 106 anos, esta quinta-feira em Salzburgo, na Áustria, vítima de uma infeção pulmonar, deu conta a agência de notícias austríaca APA.

Marko Feingold passou por quatro campos de concentração, incluindo Auschwitz, na Polónia. Apesar da sua idade, ainda há um ano participava em conferências e falava nas escolas sobre a sua experiência, de acordo com declarações feitas à agência France-Presse.

Nascido a 28 de maio de 1913, como cidadão austro-húngaro, no território da atual Eslováquia, Marko Feingold fugiu após a anexação nazi da Áustria em 1938 para evitar a perseguição como judeu, mas foi preso pela Gestapo em Praga e deportado para Auschwitz em 1940.

"Disseram-me que tinha três meses de vida. Era verdade: ao fim de dois meses e meio estava prestes a sucumbir à exaustão quando por acaso fui enviado para Neuengamme", um outro campo situado na Alemanha.

Com o número 11.996, seria ainda transferido para Dachau e depois Buchenwald, onde o seu ofício de pedreiro lhe salva a vida. É o único sobrevivente da sua família, deixa Buchenwald, libertado pelos norte-americanos, em maio de 1945 e, impossibilitado de ir para Viena como desejava, estabelece-se em Salzburgo, onde presidiu à pequena comunidade judaica da cidade e viveu até à morte.

Após a guerra e até 1947 organizou uma rede que permitiu a "100.000 judeus emigrarem para a Palestina" através de Itália. Mas recusou deixar a Áustria, apesar das dificuldades encontradas quando regressou ao país, onde o antissemitismo estava ainda muito presente.

"Era impossível encontrar emprego. Quem tivesse vindo dos campos era forçosamente um criminoso. Então tive de começar um negócio", contou à AFP. Criou uma loja de roupa e prosperou.

Áustria foi tardia em reconhecer o seu papel no Holocausto, mas desde o final da década de 1990 tem feito um significativo trabalho de memória e Marko Feingold foi alvo de honras oficiais no seu país. 

O antigo chanceler austríaco conservador Sebastian Kurz considerou que Feingold tinha uma "personalidade incrivelmente impressionante" e que a sua experiência mostrava ser nossa "responsabilidade nunca esquecer as atrocidades nazis".

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