O deputado David Miranda [à direita na imagem] afirmou, através da sua assessoria de imprensa, que fez chegar à Polícia Federal vários e-mails que recebeu contendo ameaças de morte contra si e contra a sua família.
De acordo com o jornal Globo, a Polícia Federal de Brasília confirmou que recebeu os documentos, estando a investigar o caso.
David Miranda, recorde-se, é deputado do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e já não é a primeira vez que recebe ameaças. Desde que assumiu a vaga do deputado e ativista brasileiro Jean Wyllys na Câmara dos Deputados que é alvo de intimidações.
Porém, após a série de reportagens sobre a operação Lava Jato publicadas pelo site The Intercept, site fundado pelo seu marido, Glenn Greenwald [à esquerda na imagem], as ameaças intensificaram-se. As reportagens, sublinhe-se, incluem mensagens e conversas privadas entre promotores e juízes brasileiros na aplicação Telegram, que foram denunciadas de forma anónima.
Os diálogos obtidos apontam para irregularidades na Lava Jato, principalmente as mensagens trocadas entre o procurador Deltan Dallagnol e o ex-juiz Sérgio Moro.
Segundo o Intercept, conversas privadas revelam que Moro sugeriu a Dallagnol que alterasse a ordem das fases da operação Lava Jato, deu conselhos, indicou caminhos de investigação e deu orientações aos promotores encarregados do caso, ou seja, ajudou a acusação, o que viola a legislação brasileira que exige imparcialidade aos juízes.
Moro, atualmente ministro da Justiça e Segurança Pública, ganhou notoriedade como juiz da operação Lava Jato, por condenar empresários, funcionários públicos e políticos de renome como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O The Intercept é um portal de jornalismo de investigação liderado por Glenn Greenwald, jornalista a quem o ex-analista norte-americano Edward Snowden revelou os programas de espionagem da Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA, na sigla em inglês).