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Ex-ministro dos Transportes angolano acusado de associação criminosa

A Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola formalizou a acusação contra o ex-ministro dos Transportes angolano, Augusto da Silva Tomás, que se encontra detido desde setembro de 2018, sob acusação de desvio de dinheiro, noticia a imprensa local.

Ex-ministro dos Transportes angolano acusado de associação criminosa
Notícias ao Minuto

09:54 - 27/01/19 por Lusa

Mundo PGR

Segundo o Jornal de Angola, que indica ter tido acesso à acusação, sobre Augusto Tomás pesam seis crimes, num caso que envolve o Conselho Nacional de Carregadores (CNC), órgão tutelado pelo Ministério dos Transportes.

Na acusação são indicados um crime de peculato na forma continuada, um de violação das normas de execução do plano e orçamento na forma continuada, um de abuso de poder na forma continuada, dois de participação económica em negócio, um de branqueamento de capitais e outro de associação criminosa.

Os crimes são previstos e puníveis pelo Código Penal em vigor, e pelas leis da Probidade Pública, sobre a Criminalização das Infrações Subjacentes ao Branqueamento de Capitais, e do Combate ao Branqueamento de Capitais e do Financiamento do Terrorismo.

A acusação refere, por exemplo, que o CNC terá pago fretes, por orientação de Augusto Tomás, para entidades estranhas ao Ministério dos Transportes, como é o caso do Movimento Nacional Espontâneo e o Ministério da Justiça, "numa verdadeira demonstração" de que os dinheiros públicos "podiam ser gastos como bem entendia, sem obedecer a qualquer regra ou princípio e os limites das despesas das unidades orçamentais".

Augusto Tomás é acusado de ter utilizado os dinheiros do CNC para suportar as despesas do Ministério dos Transportes que se encontravam devidamente cabimentadas e cuja verba tinha sido aprovada.

No período entre 2014 e 2017, por exemplo, o CNC terá despendido em subsídios funcionais com o Ministério dos Transportes 23,2 milhões de kwanzas (65 mil euros), assim como um 1,5 milhões de dólares (1,43 milhões de euros).

Com a formalização da acusação pela PGR, o Tribunal Supremo angolano terá de aceitar ou confirmar, através de um despacho de pronúncia, em que será marcada a data do início do julgamento.

No mesmo processo (n.º 23/18), prossegue o Jornal de Angola, estão igualmente arrolados Isabel Cristina Gustavo Ferreira de Ceita Bragança e Rui Manuel Moita, ex-diretores-gerais adjuntos para as Finanças e para a Área Técnica do Conselho Nacional de Carregadores.

São igualmente arguidos Manuel António Paulo, então diretor-geral do CNC, e Eurico Alexandre Pereira da Silva, ex-diretor adjunto para a Administração e Finanças.

Sobre Isabel Bragança, Rui Moita e Manuel António pesam crimes de peculato na forma continuada, de violação das normas de execução do plano e orçamento na forma continuada, de abuso de poder na forma continuada, de participação económica em negócio, de recebimento indevido de vantagem na forma continuada, de concussão na forma continuada, de branqueamento de capitais e de associação criminosa.

O arguido Eurico Alexandre Pereira da Silva está a ser acusado de três crimes, designadamente um de recebimento indevido de vantagem na forma continuada, um de concussão na forma continuada e um de associação criminosa.

Segundo a acusação, agravam a responsabilidade criminal dos arguidos a premeditação e a insistência em consumar os atos.

A PGR decidiu manter a situação carcerária de Augusto Tomás, Rui Moita e Manuel Paulo, "pois os mesmos foram detidos aos 21 e 24 de setembro de 2018, não tendo ainda decorrido os prazos de prisão preventiva, bem como por subsistirem as razões que motivaram a sua detenção".

Augusto da Silva Tomás foi exonerado do cargo de ministro dos Transportes pelo Presidente João Lourenço em junho do ano passado, não tendo sido, na altura, avançados os motivos da sua exoneração.

O afastamento de Augusto Tomás ocorreu em torno de uma polémica sobre uma anunciada Parceria Público-Privada para a constituição de uma companhia aérea.

Na altura, João Lourenço declarou apenas, sem avançar mais pormenores, que a parceria não iria avançar.

"Não vai adiante, não vai sair, não vai acontecer, por se tratar de uma companhia fictícia", disse, na ocasião, João Lourenço.

Três meses após a sua exoneração, Augusto Tomás foi detido, depois de ter sido ouvido por largas horas no Departamento Nacional de Investigação e Ação Penal (DNIAP) da PGR. O ex-ministro encontra-se enclausurado no Hospital Prisão de São Paulo, em Luanda.

Sobre o Conselho Nacional de Carregadores, a Inspeção Geral do Estado já tinha anunciado, antes da detenção de Augusto Tomás, que estavam a decorrer investigações por alegada gestão danosa daquele órgão do Ministério dos Transportes.

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