Líder da extrema-direita grega em prisão de alta segurança

A justiça grega ordenou hoje a detenção provisória do líder da Aurora Dourada, Nikos Michaloliakos, numa nova etapa da ofensiva das autoridades para tentar erradicar o partido de extrema-direita, acusado de numerosos atos de violência na Grécia.

Líder da extrema-direita grega enviado para prisão de alta segurança

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Lusa
03/10/2013 18:27 ‧ 03/10/2013 por Lusa

Mundo

Justiça

O fundador e líder do partido foi transferido para a prisão de alta segurança de Korydallos, na zona oeste de Atenas, pelas 14h30 (hora de Lisboa).

Durante a sua prévia comparência em tribunal, e após diversas horas de audiência perante dois juízes de instrução, o líder da Aurora Dourada, que se encontrava em detenção provisória desde sábado, tinha sido acusado de dirigir uma "organização criminosa".

"Sangue, honra, Aurora Dourada", gritaram dezenas de simpatizantes do partido, concentrados frente ao Palácio da justiça, enquanto Michaloliakos fazia a saudação fascista ao sair do edifício, de acordo com imagens difundidas pela televisão pública.

Na quarta-feira, quatro deputados da Aurora Dourada tinham sido acusados de também integrarem uma "organização criminosa", mas três beneficiaram de liberdade condicional.

O quarto iniciado, Yannis Lagos, foi colocado em detenção provisória por alegado envolvimento no assassinato, por outro membro do partido, do músico antifascista Pavlos Fyssas em 18 de setembro, nos arredores de Atenas.

Deputado pelo Pireu, o grande porto de Atenas, Yannis Lagos também foi transferido para a prisão de Korydallos, à semelhança de um polícia do Pireu suspeito de ligações com o partido de extrema-direita e de um dirigente local da zona sudoeste de Atenas.

Nestas áreas, atingidas pela desindustrialização, a Aurora Dourada tem vindo a reforçar a sua implantação, e as violências contra os imigrantes multiplicaram-se.

Nikos Michaloliakos, 56 anos, é um admirador da ditadura dos coronéis, que governaram a Grécia entre 1967 e 1974, e dirige o partido desde 1980.

A ofensiva contra a Aurora Dourada, que elegeu 18 deputados nas legislativas antecipadas de junho de 2012, está a suscitar um amplo debate no país.

"Não podemos corrigir anos de inércia com um zelo efémero", alertou a Liga grega dos direitos humanos, numa alusão à tentação em ultrapassar as regras do Estado de direito.

Seis deputados do partido foram detidos no fim de semana pela polícia antiterrorista e incorrem numa pena de dez anos de prisão. O último a comparecer perante o juiz de instrução foi o número dois do partido, Christos Pappas.

"A Aurora Dourada vai apresentar-se a todas as eleições", disse perante os jornalistas à entrada do tribunal.

Os juízes de instrução confrontam-se com um processo complexo, e deverão reunir acusações muito precisas. Um relatório do Supremo tribunal já relacionou a Aurora Dourada com duas mortes, incluindo o assassínio de Fyssas, três tentativas de homicídio e numerosas agressões.

O aparato das detenções levou o analista político Ilias Nikolakopoulos a referir à agência noticiosa AFP que o Governo "tenta convencer os cerca de 400.000 eleitores da Aurora Dourada que se enganaram" e deverão juntar-se ao partido de direita Nova Democracia (ND), que dirige o Executivo em coligação com o Partido Socialista (Pasok).

"Mas é cedo para falar em transferências eleitorais", tendo em consideração as eleições municipais e europeias de primavera de 2014, acrescentou.

"É um eleitorado muito imprevisível, que poderá optar por outra solução, designadamente a Syriza", o partido da esquerda radical e principal força da oposição, precisou ainda.

De acordo com fontes judiciais, a instrução para o início de um processo poderá prolongar-se por vários messes, devido à especificidade deste 'dossier' e à necessidade de reunir provas sólidas.

A Aurora Dourada, que emergiu como força política na sequência da grave crise económica e social na Grécia, garantiu pela primeira vez representação parlamentar nas inconclusivas legislativas antecipadas de maio de 2012, e confirmou a sua representação no escrutínio de junho, com 6,92% dos votos e a eleição de 18 deputados. Diversas sondagens posteriores colocavam o partido como a terceira força política do país.

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