Médicos respondem ao lóbi das armas com imagens das salas de cirurgia

Médicos norte-americanos responderam às críticas da Associação Nacional de Armas de Fogo da América de forma pungente. Atenção, algumas imagens podem ferir suscetibilidades.

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Anabela de Sousa Dantas
14/11/2018 22:31 ‧ 14/11/2018 por Anabela de Sousa Dantas

Mundo

Estados Unidos

Vários médicos e enfermeiros norte-americanos recorreram às redes sociais para mostrar porque é que as mortes decorrentes de armas são 'da sua conta'.

A Associação Nacional de Armas de Fogo da América (National Riffle Association - NRA), o maior lóbi de armas de fogo dos Estados Unidos, teceu críticas a um artigo publicado pelos médicos da American College of Physicians (ACP) no dia 30 de outubro, onde os profissionais de saúde se debruçam sobre os ferimentos e mortes resultantes das armas, catalogando o tema como uma questão de saúde pública.

"Alguém devia dizer aos presunçosos médicos anti-armas que se metam no que lhes diz respeito. Metade dos artigos na Annals of Internal Medicine advogam pelo controlo de armas. Mais perturbador, no entanto, é a comunidade médica não ter consultado ninguém a não ser eles mesmos", reagiu a NRA através do Twitter.

Esta reação espoletou uma intensa resposta por parte da comunidade médica norte-americana, que acabou por coincidir com mais tiroteio em solo americano, num bar/restaurante na Califórnia (uma festa universitária foi interrompida por um atirador solitário que matou 12 pessoas, a maior parte jovens estudantes).

Vários profissionais de saúde partilharam textos e fotografias, mais ou menos explícitas, que ilustram o tratamento de pessoas vítimas de bala, indicando que o tema lhes diz respeito (criando a hashtag "this is my lane", uma expressão que, traduzida livremente, significa "diz-me respeito").

"Fazem ideia que quantas balas tiro de corpos por semana? Isto diz-me muito respeito", escreveu a patologista forense Judy Melinek, partilhando um artigo de opinião sobre o assunto, que assinou para a Vox. "Ferimento de bala na aorta de um adolescente de 16 anos. NRA, a mãe dele está na sala de espera", escreveu o cirurgião cardiotorácico Robert Lyons, na sequência do tiroteio na Califórnia, questionando se devia chamar a associação para falar com a progenitora. Lyons partilhou uma imagem (entretanto eliminada) da sua máscara cirúrgica.

Notícias ao MinutoRobert Lyons© Twitter

"Só um lembrete, NRA. Isto diz-me respeito, isto diz-nos respeito. Ela não sobreviveu", partilhou a cirurgiã Stephanie Bonne, com uma imagem do chão da sala de operações.

Posteriormente, acrescentou outra imagem, de uma cadeira. "Querem ver o que me diz respeito? Aqui está a cadeira onde me sento quando digo aos pais que os seus filhos morreram. Como se atrevem a dizer-me que não posso investigar soluções com base em provas".

"À NRA, isto é o que me diz respeito. Não ficaremos em silêncio sobre as consequências da violência com armas", acrescentou a cirurgiã geral Kristin Gee, com uma imagem dos seus pés.

A NRA, o maior lóbi de armas de fogo dos Estados Unidos, tem advogado fortemente contra qualquer medida restritiva no que respeita à venda de armas de fogo.

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