"Se antes se impunham formas clássicas de protecionismo, (...) tais como tarifas, normas técnicas ou subsídios encobertos, hoje falamos de uma nova forma de protecionismo. Trata-se do uso de pretextos falsos, que se justificam com a segurança nacional", disse, numa alusão às sanções económicas que são impostas de modo unilateral.
Tudo isto é feito "para arrasar os concorrentes ou arrancar concessões", acrescentou, aparentemente referindo-se à política comercial dos Estados Unidos.
Putin falava ao lado do Presidente de França, Emmanuel Macron; do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe; do vice-presidente da China, Wang Qishan, e da diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde.
"A espiral de sanções e restrições que foi criada está apenas a ganhar força e atinge cada vez mais países e empresas, incluindo aqueles que estavam certos de que nunca seriam afetados por restrições comerciais", sublinhou o chefe do Kremlin.
Putin advertiu que "a arbitrariedade e o descontrolo inevitavelmente geram a tentação de recorrer aos instrumentos restritivos uma e outra vez, à direita e à esquerda, por qualquer motivo, sem ter em conta as lealdades políticas".
"No plano global, esta conduta dos países, principalmente dos centros de força, pode ter consequências muito negativas, se não destrutivas, sobretudo agora que o desprezo pelas normas existentes e a perda de confiança mútua podem sobrepor-se à imprevisibilidade e as turbulências das colossais mudanças tecnológicas" que ocorrem no mundo, afirmou.
Na sua opinião, esta conjunção de fatores é capaz de provocar uma "crise sistémica que o mundo nunca viu".
"A desconfiança global põe em dúvida as perspetivas de crescimento global", disse o Presidente russo, que avisou que esta atitude "pode fazer retroceder a economia e o comércio mundiais à época da economia natural, quando cada um produzia tudo".
Putin denunciou ainda que "violar as regras transformou-se na regra", acrescentando: "A abertura dos mercados e a competitividade honesta estão a ser deslocadas por todo o tipo de obstáculos, restrições, sanções".
"Hoje, não precisamos de guerras comerciais, nem sequer de uma trégua comercial. O que precisamos é de uma paz comercial plena", assinalou.
Para Putin, "não há alternativa à elaboração conjunta de regras na economia global e mecanismos que garantam o seu cumprimento".