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Atentado em Moscovo. Como explicar a violência aos mais novos?

O seu filho recusa-se a ir à escola ou nota nele uma tendência para o isolamento? As psicólogas Ana Filipa Eustáquio e Carolina de Freitas deixam recados e conselhos aos pais, para que consigam ajudar os mais novos nestes momentos de incerteza.

Atentado em Moscovo. Como explicar a violência aos mais novos?
Notícias ao Minuto

09:10 - 25/03/24 por Ana Rita Rebelo

Lifestyle Entrevista

A exposição frequente a imagens de violência e de extremo sofrimento, como as que têm sido divulgadas nas televisões e nas redes sociais desde o mortífero ataque terrorista à sala de espetáculos Crocus City Hall em Krasnogorsk, nos arredores de Moscovo, na Rússia, pode fazer disparar o medo e a ansiedade. Os mais afetados são as crianças e os jovens.

A psicóloga Ana Filipa Eustáquio explica ao Lifestyle ao Minuto que, "sempre que situações como esta acontecem, instala-se o medo e, geralmente, a sociedade fica num estado de alerta e de nervosismo que passa para os mais novos". A especialista deixa alguns conselhos aos pais e educadores sobre a melhor forma de gerirem as emoções das crianças e jovens nestes tempos marcados por incerteza: "É importante conversarmos com eles sobre eventos traumáticos, adequando a informação à idade ou à capacidade de compreensão, assegurando que estão seguros", aconselha.

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Mas falar apenas com a criança não chega. "Deve haver alguma restrição ao acesso a determinadas imagens e informações que possam ser perturbadoras", defende. Quanto aos jovens, a especialista crê que "a abordagem mais adequada é ler ou assistir a notícias em conjunto, encorajando-os a dar a sua opinião e a colocar questões".

Para Ana Filipa Eustáquio, estes conflitos criam uma 'janela de oportunidade' para sair em defesa de uma educação não-violenta e reforçar a urgência da construção da paz. "Podemos mostrar mais empatia, ensinar as crianças a respeitar o outro, ajudá-los a identificar e a expressar a raiva e o descontentamento e falar sobre as expetativas acerca da relação com os restantes." "Não basta dizer 'comporta-te bem na escola'. O mais aconselhável é: 'Respeita os teus colegas, mesmo que não tenham a mesma opinião do que tu.'", exemplifica.

Outra das dicas que a psicóloga Ana Filipa Eustáquio deixa aos pais é "permitirem que a criança expresse os seus sentimentos sem que se sinta culpabilizada, deixá-la fazer perguntas ou até desenhos sobre o que aconteceu e outras atividades lúdicas". Nestas situações, "também surgem muitas vezes sentimentos de insegurança, relativamente à incerteza dos acontecimentos". Cabe aos mais velhos estarem atentos aos sinais apresentados pelas crianças, que podem ir de "isolamento a recusa em ir à escola, ou até sintomas físicos, como dores de cabeça, de barriga, indisposição, dificuldades respiratórias", elenca. 

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É também muito importante os pais "validarem os sentimentos" dos mais novos, evitando dizer frases como 'não te preocupes'. "Opte por referir algo do género: 'Parece que estás triste quando falamos sobre isto. Eu também fico triste ao ver estas imagens'", sugere.

A psicóloga Carolina de Freitas, da clínica CogniLab, corrobora. "É fundamental abordar eventos traumáticos com as crianças, promovendo a resiliência psicológica e a adaptação saudável perante situações stressantes", clarifica. Todavia, "é importante usar uma abordagem que promova a compreensão crítica dos conteúdos e que os ajude a distinguir entre o que é real e ficção e isso envolve discutir como a violência é apresentada na televisão, como é criada e como isso pode afetar as pessoas psicologicamente e socialmente", refere também.

Para facilitar a comunicação, "deve estabelecer-se uma base de confiança e empatia, demonstrando uma compreensão genuína das suas perspetivas e experiências". Além disso, é essencial "o uso de uma linguagem acessível, a criação de limites claros e consistentes, a promoção de um ambiente seguro e de apoio para a expressão emocional e do processamento cognitivo".

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Serviços telefónicos de apoio emocional em Portugal

SOS Voz Amiga (entre as 16 horas e as meia-noite) -  213 544 545 (número gratuito) - 912 802 669 - 963 524 660 

Conversa Amiga (entre as 15 e as 22 horas) - 808 237 327 (número gratuito) e 210 027 159

Telefone da Esperança (entre as 20 e as 23 horas) - 222 080 707 

Telefone da Amizade (entre as 16 e as 23 horas) – 228 323 535

Todos estes contatos garantem anonimato tanto a quem liga como a quem atende. No SNS24 (808 24 24 24), o contacto é assumido por profissionais de saúde. Deve selecionar a opção 4 para o aconselhamento psicológico. O serviço está disponível 24 horas por dia, sete dias por semana.

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