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Da nova temporada na TV à estrela que não chegou: "A seu tempo virá"

A chef estreia esta quarta-feira a segunda temporada do programa 'Cozinha de Chef', no canal Casa e Cozinha. Em entrevista ao Lifestyle ao Minuto, revelou como foi gravar os novos episódios. Falou ainda da gala Michelin, a primeira exclusivamente portuguesa, e da estrela que não veio - pelo menos desta vez.

Da nova temporada na TV à estrela que não chegou: "A seu tempo virá"

Depois de uma primeira temporada bem sucedida, a chef Marlene Vieira está de volta aos ecrãs. Esta quarta-feira, 20 de março, estreia a nova temporada de ‘Cozinha de Chef’, no canal Casa e Cozinha. 

O Lifestyle ao Minuto falou com a chef sobre os novos episódios, mas também sobre a recente gala do Guia Michelin que, mais uma vez, não trouxe estrela para nenhuma mulher em Portugal. Marlene Vieira era uma das apostas de muitos, mas a distinção acabou por não chegar.

"O [restaurante] Marlene tem sido muito bem recebido e galardoado por outros lados. Sabemos que estamos no caminho certo, se não não tínhamos sido tão galardoados nestes primeiros meses. O guia certamente procura outras coisas que nós não temos ainda", comenta a chef.

O programa televisivo estreia esta quarta-feira a partir das 21h00. Os restantes episódios poderão ser vistos depois de segunda sexta-feira, também às 21h00.

Como foi gravar esta segunda temporada do programa 'Cozinha de Chef'?

A primeira temporada foi um sucesso, um dos programas que teve mais audiências no canal e houve a proposta para a segunda temporada, que eu, claro, recebi com muito gosto. Estou muito orgulhosa do programa e acho que marca aqui diferença em relação ao que existe no mercado. E não é só mais um. Deu para melhorar coisas que internamente achávamos que poderiam evoluir, que podíamos mudar. Pessoalmente gostei muito de fazer esta temporada, gostei mais ainda de fazer esta.

Notícias ao Minuto A chef prepara novas receitas inspiradas em pratos tradicionais© Casa e Cozinha  

Sentiu-me mais segura?

Também já sabia mais ao que ia, já tinha ali o orgulho da primeira temporada. Há uma confiança já. Vamos ganhando uma confiança extra. O sentimento é outro. Quero que isso transpasse para o público.

Qual é a principal diferença em relação à primeira temporada?

A primeira temporada marcava o meu trajeto profissional, receitas que marcavam o meu trajeto. Estes novos episódios são uma viagem por Portugal, por todos os distritos do país. Cada episódio é dedicado a um distrito. Cada episódio marca mesmo um distrito em particular e as receitas mais icónicas daquela região e que depois eu faço a minha versão.

Leia Também: "Falta de mulheres é realidade que reconhecemos", diz diretor da Michelin

Houve alguma receita que lhe tenha dado mais gozo fazer e recriar?

Grande parte já conhecia e já tinha feito até uma ou outra versão, mas houve desafios aqui pela frente. Fizemos um arroz de marisco muito diferente daquilo que é o convencional. Usámos ouriço-do-mar, percebes, e eu fiquei muito feliz com o resultado. Fizemos uma sericaia com a receita base, mas com uma forma diferente. Pega-se pelos sabores e na técnica do prato tradicional, mas depois dou a volta ali e temos uma modernização da cozinha tradicional e regional.

Há sempre um cuidado muito particular com as texturas no ponto certo Na primeira temporada, o objetivo foi desmistificar o 'fine dining'. Esse continua a ser o foco?

É sempre cozinha de chef. Há sempre um cuidado muito particular com as texturas no ponto certo e um cuidado na apresentação dos pratos obviamente. Queremos elevar isto a um nível um pouco acima do que é a cozinha regional e tradicional.

Vimos também algumas dicas de ‘sommelier’ na primeira temporada. É algo que também está presente nos novos episódios? 

Nesta segunda temporada temos muitas dicas sobre a própria receita. Se não tiver um determinado ingrediente pode substituir por outro, por exemplo. Ao longo de todo o episódio vou falando sobre estas dicas, de como atingir determinado ponto também. Haverá muitas dicas minhas. São dadas durante a preparação do prato e também no fim. 

Como é que foi o 'feedback' em relação à primeira temporada?

Foi muito positivo. Tivemos, inclusive, clientes estrangeiros que viam nos ‘halls’ dos hotéis. Por alguma razão os hotéis optavam por ter este canal a passar e o programa chamava a atenção de alguma forma e trazia-os até ao restaurante. Foi uma coisa que não era esperada e aconteceu.

E o programa nem está traduzido de forma nenhuma, é em português.

A comida tem este poder, fala por si. Foi uma das grandes surpresas ter pessoas que vinham ao Marlene para verem o espaço onde eu cozinhava. 

Como foram selecionadas as receitas para o novo 'Cozinha de Chef'?

Houve um estudo sobre a origem, de tentar perceber o porquê daquela receita nascer e qual foi a razão da sua criação. Também me inspirei um pouco nisso para fazer uma ou outra alteração.

Notícias ao Minuto São 22 os novos episódios© Casa e Cozinha  

Esta será uma forma de as pessoas viajarem sem sair de uma cozinha, viajar pelo país sem sair do mesmo lugar.

É mesmo isso. Vamos viajar até ao Porto, até Bragança, aos diferentes distritos e falar sobre a história da gastronomia de cada distrito. Depois escolhemos uma ou outra cidade para falar sobre as receitas que marcam aqueles distritos.

A escolha partiu sempre entre os pratos mais emblemáticos de cada distrito?

Também havia uma ou outra de que eu gosto muito, ou um produto de que gosto muito. Estou, por exemplo, a lembrar-me dos percebes. É um ingrediente que gosto. No caso do arroz de marisco, optei por usar percebes e podia ter usado outro marisco qualquer. Há uma escolha pessoal também.

Há o objetivo de continuar para uma terceira temporada ou ainda é cedo para falarmos disso?

Há o objetivo de continuar. Claro que tem muito a ver com os resultados do canal, como é que o público acolhe o programa. O primeiro foi um dos com maior audiência do canal. Acredito que estamos num bom caminho.[Estrela Michelin] não veio e a seu tempo virá. Nós estamos cá a fazer o caminhoSobre a mais recente gala do Guia Michelin, achou que não correspondeu às expectativas de ser ser a primeira exclusivamente nacional?

Em termos gerais acho que foi curto. O país inteiro estava à espera de mais, de mais estrelas. Achávamos que uma primeira gala [exclusivamente nacional] ia marcar de uma forma mais abundante, mas não. Pelos vistos, ainda temos um percurso a fazer e temos de continuar. Não é só o guia que avalia o nosso talento e a nossa qualidade. Existem outros barómetros. O guia é o mais popular e o que as pessoas mais levam em consideração, mas temos de continuar o caminho. 

Quando tinha sido convidada para a gala, tinha a esperança de subir ao palco e de receber a jaleca?

O Marlene e o Zunzum [dois restaurantes da chef] estão os dois no guia, um como Bib Gourmand e outro recomendado. Seríamos sempre convidados e era nessa expectativa que estávamos na gala. Claro que se a estrela viesse era um brilho extra. Não veio e a seu tempo virá. Nós estamos cá a fazer o caminho. É isso que importa efetivamente.

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No início da gala, tivemos dicas de que este poderia ser o ano em que uma mulher subiria ao palco para receber uma estrela, como foi o desejo do ministro da Economia e do Mar,  António Costa Silva.

Isso abriu mais o apetite, mas foi uma falsa partida, como se costuma dizer. Ainda assim, viemos com uma estrela no bolso. O João [Sá] [marido da chef Marlene] trouxe a estrela [para o Salá] e muito bem entregue.

O chef João Sá até disse que para o ano estaria com a Marlene no palco.

Eu também estava lá este ano, ao lado dele. E para o ano possivelmente também estarei, nem que seja para ir festejar a gala em Portugal. Isso será certamente. A estrela virá no seu tempo, nós nunca saberemos quando é esse tempo. Não sabemos muito bem como é que as regras funcionam. O Marlene tem sido muito bem recebido e galardoado por outros lados. Sabemos que estamos no caminho certo, se não não tínhamos sido tão galardoados nestes primeiros meses. O guia certamente procura outras coisas que nós não temos ainda, ou que nunca vamos ter, não sei.

O que acha que pode estar a faltar para a estrela ainda não ter vindo?

Nós temos uma linguagem muito própria aqui no Marlene, que pode até nem ser a linguagem do guia, mas também não tenho a certeza disso. Podem estar à espera de alguma consistência visto que eu não tenho um trajeto de estrela Michelin como acontece com outros chefs que já têm estrela e abrem outro restaurante e no mesmo ano recebem estrela, como no caso do Vítor Matos ou do [José] Avillez. A Marlene nunca teve nenhum restaurante com estrela, possivelmente exigem algum tempo de consistência, digo eu, não sei. Mas isto é tudo especulação, vale o que vale.

Em Portugal, haveria outras mulheres que poderiam estar já premiadas?

Talvez a do Boubou's, a Louise [Bourrat]. Mas também não sei muito bem que infelizmente nunca lá fui comer. Estou a vender o peixe que me venderam a mim. Mas isto porque o guia atribui estrelas a restaurantes de alta gastronomia. Isto vai tendo uma dinâmica ao jeito deles, que ninguém conhece muito bem. Quando as regras do jogo não são muito bem explícitas, não sabemos muito bem que jogo é que estamos a fazer. Cada um faz o seu caminho. Se a estrela vier, ótimo. Se não vier, é ótimo na mesma. O que queremos efetivamente é ter clientes e ter o nosso restaurante financeiramente estável.

Leia Também: Quanto custa jantar nos novos restaurantes com estrela Michelin?

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