As doenças cardiovasculares são atualmente a principal causa de mortalidade a nível mundial, sendo responsáveis por mais de 17 milhões de mortes, em cada ano. Na última década, assistiu-se a um progresso significativo no tratamento do enfarte agudo do miocárdio e nos cuidados após o enfarte, que permitiram aumentar a sobrevida após este evento. No entanto, segundo os dados da Organização Mundial da Saúde, o enfarte agudo do miocárdio continua a ser uma das principais causas de mortalidade e incapacidade na Europa, em particular no nosso país.
1- O que provoca um enfarte agudo do miocárdio?
O enfarte agudo do miocárdio é em regra causado por obstrução numa artéria coronária (artéria que irriga o músculo cardíaco), com origem numa placa de aterosclerose. A aterosclerose coronária desenvolve-se maioritariamente em pessoas que apresentam fatores de risco, como sejam o tabagismo, hipertensão arterial, diabetes e dislipidemia (vulgo 'colesterol elevado').
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2- É possível evitar?
Com acompanhamento médico adequado, estes fatores de risco podem ser controlados e, dessa forma, o risco futuro de enfarte ser reduzido. Efetivamente, estima-se que até 80% das mortes atribuídas ao enfarte agudo do miocárdio possam ser evitadas.
© Tiago Pereira da Silva
3- Como se manifesta, diagnostica e trata?
O enfarte pode ter diferentes formas de apresentação clínica, na maioria dos casos manifestando-se por dor precordial ('dor no peito'), sendo o diagnóstico confirmado por exames complementares específicos. Além do tratamento farmacológico (medicamentos), é geralmente necessária a realização de um cateterismo cardíaco. Este exame consiste na introdução de um cateter desde uma artéria periférica (geralmente do antebraço ou da virilha) até às artérias coronárias. É efetuado para confirmar definitivamente o diagnóstico e para efetuar o tratamento da artéria coronária, procedendo à sua desobstrução.
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4- O acompanhamento médico após o enfarte agudo do miocárdio é importante?
É extremamente importante. O risco de ocorrer um novo enfarte não é eliminado após o primeiro enfarte e é superior ao da população que nunca teve nenhum enfarte. O acompanhamento médico tem como um dos focos principais reduzir esse risco. Implica o ajuste da medicação cardiovascular, que é fundamental e que deve ser 'afinada' ao longo do tempo. Implica igualmente o controlo rigoroso dos fatores de risco mencionados e a adoção de um estilo de vida saudável, incluindo cessação tabágica, alimentação equilibrada e prática de exercício físico regular, com um nível de intensidade adequado a cada pessoa.
O enfarte pode deixar sequelas com diferentes níveis de gravidade. Enquanto alguns doentes irão ter uma vida sem limitações físicas, outros desenvolverão algum grau de incapacidade funcional. Efetivamente, até 30% das pessoas poderão desenvolver insuficiência cardíaca no primeiro ano após o enfarte, embora esse risco seja substancialmente inferior quando é efetuado um tratamento adequado. Através do acompanhamento clínico regular, a limitação funcional poderá ser mitigada, sendo possível melhorar a qualidade de vida a longo prazo.
5- Tive um enfarte agudo do miocárdio… E agora?
Agora, o acompanhamento regular por um cardiologista é obrigatório, não só para mitigar as suas consequências mas também para evitar a ocorrência de novos enfartes.
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