A população portuguesa está a envelhecer a um ritmo acelerado. Os últimos censos de 2021 mostram que Portugal tem mais de 2 milhões de pessoas com 65 ou mais anos, número que aumentou cerca de 21% nos últimos 10 anos. 

Sabemos que à medida que envelhecemos também há um envelhecimento do órgão do equilíbrio. Em conjunto com o envelhecimento dos outros órgãos como olhos, articulações, entre outros, aumentam o desequilíbrio. Os idosos tendem a ter mais dificuldade no caminhar e realizar multitarefas ao mesmo tempo, por exemplo caminhar enquanto viram a cabeça para cumprimentar ou conversar. Muitas vezes, nestas simples situações desequilibram e caem. As quedas e acidentes no domicílio são também muito frequentes nesta faixa etária. Inclusivamente, um recente estudo revelou que em Espanha as quedas são já a principal causa de morte não natural, uma vez que o risco de queda aumenta com a idade. 

Rosa Castillo© CUF

Para além disto, muitos idosos apresentam outras morbilidades como hipotensão, arritmias, problemas metabólicos, que também provocam muitas vezes tonturas. A toma de muitos medicamentos, frequente nesta faixa etária, é também mais um fator de tonturas e desequilíbrio. Por outro lado, deve haver uma consciencialização do idoso para as suas limitações evitando tarefas perigosas para a faixa etária, como por exemplo subir escadotes ou caminhar sem apoio se tiver desequilíbrio. Torna-se cada vez mais relevante preocuparmo-nos com o desequilíbrio da população idosa.

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O envelhecimento é fruto da evolução da medicina, pelo que nos países desenvolvidos cada vez vivemos mais anos. Por esse motivo torna-se imperioso envelhecer com qualidade, e nesse aspeto a intervenção no equilíbrio vai possibilitar maior autonomia evitando quedas e as suas consequências. 

Um correto diagnóstico com a avaliação clínica numa consulta de vertigem - onde, para além de se registar a história clínica do doente, é avaliado o equilíbrio com diversos exames - vai permitir abordar com uma adequada terapêutica este problema, assim como desenhar um programa individualizado de reabilitação do equilíbrio. Por vezes também é necessário um correto ajuste da medicação pois há medicamentos que podem provocar tonturas.

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O programa de reabilitação consiste em várias sessões desenhadas individualmente para cada paciente e costuma ser uma ferramenta muito importante na melhora do equilíbrio no idoso. Com recurso a equipamentos ou simplesmente com exercícios adequados, consegue-se grandes progressos a nível de equilíbrio, marcha e prevenção de quedas. As modernas técnicas de reabilitação também englobam uma abordagem cognitiva, tão importante nesta faixa etária. Os doentes posteriormente entram num programa de auto reabilitação em que após aprender a fazer estes exercícios, eles próprios os continuam a realizá-los no domicílio.

Este tipo de abordagem traz grandes vantagens quando realizado transversalmente na população idosa, permitindo ter cada vez mais idosos ativos e menos limitados, retardando o envelhecimento. Desta forma, o idoso conseguirá realizar uma vida social ativa, que pela sua vez tem implicação no seu bem estar psicológico, evitando o isolamento e melhorando a utilidade do mesmo na sociedade.

A nível de saúde pública teremos menos internamentos, menos complicações e menor mortalidade por quedas. É por isso importante procurar ajuda diferenciada para este problema. 

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