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Férias de verão: Como prevenir os acidentes infantis mais comuns

Paulo Coutinho, médico pediatra no Centro da Criança e Adolescente do Hospital CUF Porto, explica.

Férias de verão: Como prevenir os acidentes infantis mais comuns
Notícias ao Minuto

08:00 - 07/08/22 por Notícias ao Minuto

Lifestyle acidentes

No verão, período por excelência de lazer e usufruto de atividades ao ar livre, intensificam-se alguns riscos para a ocorrência de acidentes com crianças, nomeadamente devido às viagens prolongadas de automóvel, utilização de piscinas ou visitas a países com costumes distintos dos nossos.

Fique a saber como deve evitar os acidentes infantis mais comuns nesta época do ano:

Acidentes de viação

Os acidentes de viação representam quase metade da totalidade, é imperativo respeitar as regras de trânsito e adequar a condução às condições do terreno, empreendendo uma condução defensiva. Utilizando sempre o cinto de segurança, respeitando os limites de velocidade, descansando com frequência durante percursos longos, com tolerância zero ao álcool ou à utilização do telemóvel durante a condução.

Notícias ao Minuto Paulo Coutinho© CUF

Aspeto igualmente importante é o do uso sistemático dos sistemas adequados e homologados de retenção para crianças transportadas no automóvel (vulgo cadeirinhas), mantendo a cadeira da criança voltada para trás, até o mais tarde possível.

Afogamentos

Os afogamentos, que representam a segunda causa dos acidentes com crianças, são silenciosos, rápidos e quase sempre fatais. Todas as crianças que se encontrem junto de planos de água exigem por parte dos cuidadores de uma vigilância contínua.

Portanto, são indispensáveis as barreiras físicas de acesso às piscinas, o uso de braçadeiras adequadas, o encerramento de tampas de poços, o banho apenas em praias vigiadas, o respeito pelas indicações dos nadadores salvadores.

É muito importante aprender a nadar cedo, pois pode salvar vidas.

Quedas

As quedas, sobretudo de varandas de edifícios ou em escadas, representam também uma fatia significativa da morbi-mortalidade em idade pediátrica. Assim, o uso de gradeamentos eficazes em varandas, com uma tipologia que impeça a criança de ascender e projetar-se (orientação vertical e não horizontal, que permita escalada) ou a inacessibilidade a objetos móveis que permitam a elevação, são fundamentais.

Procure identificar tais situações,  quando chegar ao seu destino de férias.

Intoxicações

Se é verdade que está recomendada a elaboração de uma pequena farmácia de viagem,  esta deve ser guardada fora do alcance visual dos miúdos. Os medicamentos a levar são os mínimos para as situações banais mais frequentes durante os períodos de férias:

  • Pensos rápidos e compressas;
  • Termómetro digital (evitar os de vidro para férias);
  • Paracetamol (dor e febre);
  • Produtos de hidratação oral em carteiras para dissolver em água: ocupam pouco espaço e dão para vários dias;
  • Anti-histamínicos para situações de alergia ou picadas; 
  • Desinfetante para pequenas lesões (sob a forma de creme/pomada);
  • Repelente de insetos;
  • Protetor solar;
  • Medicação que habitualmente faz (bem contabilizada para todo o tempo de férias, contando com algum incidente, ou seja, levar alguma quantidade a mais).

A gravação do número de telefone do Centro de Informação Antivenenos é indispensável (800250250), para Portugal.

Queimaduras

As queimaduras, para além de frequentes em contexto de férias, acontecem sobretudo na área de cozinha, pelo que, como regra preventiva, a ela devemos interditar o acesso de crianças pequenas, durante o período de preparação das refeições.

Relativamente às queimaduras solares, importa relembrar que são 100% preveníveis.

A proteção solar deve ser encarada como muito mais do que aplicar protetor solar quando no verão nos deslocamos à praia! Deve ser considerada como uma maneira de estar e uma atitude na vida que minimizem os riscos que a exposição solar pode acarretar.

A radiação também é mais agressiva entre as 11 e as 16 horas, pelo que devemos procurar estar à sombra, durante esse período do dia.

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A utilização de chapéus com aba larga ou mesmo com proteção para as orelhas e nuca (boné de legionário), associados ao uso de T-shirts com mangas compridas são complementos importantes na defesa contra a radiação UV.

Recomenda-se a aplicação generosa de protetores solares com proteção simultânea anti-UVA e UVB com índice de proteção 50+, cerca de 15-30 minutos antes da exposição e reaplicados frequentemente ao longo do período de exposição, sobretudo se nos banharmos.

Aquilo em que mais falhamos quando usamos protetores é na quantidade reduzida que utilizamos, pelo que recomendamos uma aplicação abundante, sem poupar.

Até aos dois-três anos ou em situações de pele mais sensível, recomenda-se a escolha de protetores inorgânicos. Crianças com menos de seis meses não devem ser expostas ao sol diretamente.

Picadas

A picada do peixe-aranha é um risco a ter em conta. Além de retirar algum pico (com uma pinça) necessita saber que ao contrário da maioria das situações de picada, neste caso deverá ser aplicado calor no local da lesão durante alguns minutos. A analgesia com paracetamol e ibuprofeno deverá ser uma medida a considerar, podendo ser necessário  apoio médico em seguida.

Na picada por alforreca (anémona, caravela portuguesa) além de retirar os picos com uma pinça, deve lavar com água do mar e a seguir  aplicar vinagre (pano embebido). Deve ser administrado um analgésico logo que possível. Poderá ser necessário apoio médico imediato, dependendo da extensão e do local das picadas (boca, olhos…). A alforreca poderá causar lesões até 24 horas depois de morta, pelo que deverá ter cuidado com as encontradas na praia.

Se vai viajar para o estrangeiro…

Prepare antecipadamente a sua viagem de férias, com especial atenção às características do destino (país, usos e costumes, meteorologia, acesso a cuidados médicos, condições sanitárias e de segurança, etcétera).

Se necessário, marque uma consulta de medicina do viajante, que ajudará a evitar riscos específicos de uma forma atualizada e organizada.

Se ainda não conhece o local ou país de destino será importante:

  • Seguir as recomendações das companhias de viagem;
  • Se viaja com crianças que já comunicam verbalmente será importante ensinar-lhes algumas palavras de pedidos de ajuda e de contacto telefónico;
  • Colocar em local acessível o número de telefone (já com o indicativo), sem nomes da criança, num papel, na parte interior do chapéu ou do cinto ou ainda numa pulseira;
  • Depois da chegada ao local de estadia, não se esqueça de marcar um ponto de encontro no hotel/ resort/ praia/ recintos de espetáculos ou centros de comércio/ ruas, que seja visível ao longe e com indicação/nome fáceis de soletrar, úteis em caso de se perder;
  • Não se esqueça que quando a criança se perde na praia, a sua tendência será caminhar ao longo da praia de costas para o sol – procure primeiro neste sentido;
  • Descubra onde e como funciona o sistema de segurança (seguranças, polícia) do local de dormida e nas imediações.

Não se esqueça, férias felizes, mas em segurança!

*Este artigo é assinado por Paulo Coutinho, médico pediatra no Centro da Criança e Adolescente do Hospital CUF Porto

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