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Desconfinamento e ansiedade de separação: Dicas para ajudar o seu animal

"O desconfinamento trará de volta rotinas antigas, mas acima de tudo será uma mudança desafiante nas nossas vidas e na dos nossos animais de estimação. À semelhança do que se verifica com as pessoas, também os nossos animais são seres que gostam de rotinas e se adaptam bem quando estas existem", explica o veterinário Bruno Santos em entrevista ao Lifestyle ao Minuto.

Desconfinamento e ansiedade de separação: Dicas para ajudar o seu animal
Notícias ao Minuto

08:25 - 22/04/21 por Liliana Lopes Monteiro

Lifestyle Entrevista

Há cerca de um ano o mundo mudou e de uma forma ou de outra a Covid-19 impactou-nos a todos.

Todavia, os animais de estimação também foram afetados pelo tão falado 'novo normal'. Para o bem e para o mal, aproximaram-se como nunca dos seus donos - fechados em casas e em pequenos apartamentos um pouco por todo o mundo.

Mas afinal, como é que cães e gatos lidaram com esta aproximação súbita e 'forçada' com os seus tutores? E agora, como é que o desconfinamento pode afetar o seu bem-estar?

Na entrevista que se segue, o veterinário Bruno Santos, fundador da Dr. Bigodes (serviços de veterinária ao domicílio) fala acerca do impacto da pandemia da Covid-19 nos animais de estimação e sobre o que os donos podem fazer para atenuar a ansiedade de separação que pode ocorrer devido ao desconfinamento

Como é que o confinamento impactou os animais de estimação?

Antes de mais, diria que os animais de estimação foram os maiores beneficiados dos confinamentos que vivemos. Tiveram os donos mais tempo em casa, por vezes até a família inteira, o que fez com que pudessem disfrutar mais da companhia dos mesmos. Os cães, por exemplo, também passearam mais do que o habitual e fizeram passeios mais longos.

Contudo, se por estas circunstâncias até poderiam ter tido mais atenção, também assistimos a momentos em que tiveram menos atenção, como o caso do teletrabalho, onde havia menor atenção por parte dos donos, algum stress familiar, passeios mais rotineiros, menos disponibilidade para brincar com os animais, etc.

A Dr. Bigodes, start-up portuguesa pioneira na prestação de serviços de veterinária ao domicílio, esteve ao lado dos donos e animais de estimação desde o primeiro dia da pandemia e durante todo este período incerto que os portugueses atravessam, pelo que assistimos a todas estas mudanças e tentámos ajudar os donos a encontrarem novas dinâmicas dentro de casa para que todo o agregado familiar estivesse em sintonia.

Quais as principais mudanças que ocorreram na relação entre os donos e os animais?

Além das mudanças que já referi, acrescentaria as rotinas de higiene, particularmente depois dos passeios, que de alguma forma podem ter sido motivo de stress para os animais, e até mesmo a pouca interação com outros animais e pessoas que de alguma forma os limitou.

Neste processo de desconfinamento atual como é que os cães tenderão a reagir?

O desconfinamento trará de volta rotinas antigas, mas acima de tudo será uma mudança desafiante nas nossas vidas e na dos nossos animais de estimação.

À semelhança do que se verifica com as pessoas, também os nossos animais são seres que gostam de rotinas e se adaptam bem quando estas existem.

Podemos dizer que acima de tudo os animais vão ter os seus tutores menos tempo disponíveis para eles por não estarem em casa e, o tempo que os animais passarão sozinhos bem como a alteração de hábitos como hora da comida, número de vezes que vai à rua com eles, poderá tornar-se num problema, ainda para mais se esta transição for feita de forma abrupta.

Uma alteração radical na rotina do cão poderá despoletar comportamentos de ansiedade, medos, ou até fobias que se podem traduzir em situações de ladrar excessivamente a outras pessoas e/ou animais ou até mesmo manifestações de agressividade, esconderem-se, roer objetos, urinar e/ou defecar em locais inapropriados e diferentes dos habituais, deixar de comer/beber…dependerá de animal para animal.

A título de exemplo, se durante o confinamento passeia o seu cão três vezes por dia e se após o desconfinamento voltar à rotina que tinha anteriormente, o passeio com o seu cão for somente de uma vez por dia, saiba que esta mudança pode desencadear um estado depressivo no seu animal de estimação.

E os gatos?

Naturalmente que animais diferentes poderão reagir a esta mudança de rotinas de forma distinta. Sendo que alguns reagirão melhor do que outros. Uma grande diferença é entre cães e gatos, os cães precisam mais dos tutores por serem mais dependentes, ao contrário dos gatos que são mais independentes, contudo também estes podem apresentar sinais de estado depressivo semelhantes aos do cão, caso não exista uma preparação adequada para o desconfinamento.

O que podemos fazer para aliviar a ansiedade dos animais? Qual é a melhor forma de fazer esta transição?

O mais importante será tentar manter as rotinas o mais parecidas possível e ter em atenção que qualquer alteração deve ser introduzida de forma lenta. Desta forma, é importante que mesmo antes de desconfinarmos organizemos o nosso dia de forma a começarmos desde já a introduzir pequenas alterações como, por exemplo, o horário dos passeios do seu cão, assim como, a duração destes. A hora do dia em que alimenta o seu animal, também, deve ser o mais aproximada possível do horário que irá cumprir quando desconfinar.

Neste momento, enquanto não volta à sua rotina antiga pode, em jeito de dica, realizar alguns exercícios/atividades com o seu animal, ou seja, começar a sair de casa durante pequenos intervalos de tempo que vai progressivamente aumentando de dia para dia, sendo, sempre, importante que sempre que saia e entre evite, durante cerca de 15 minutos, o contacto físico com o seu animal.

Que consequências emocionais poderão advir desta separação? A quais sintomas os donos devem estar atentos?

O facto de o animal representar um ser dotado de sensibilidade poderá trazer-lhe determinados estados depressivos decorrentes de mudanças/ alterações na sua rotina, por exemplo. Podemos referir que a não verbalização do que sentem e a capacidade que possuem para camuflar a doença poderá dificultar a identificação destes estados depressivos, acabando por se subdiagnosticar estes problemas. O diagnóstico e consecutivo tratamento requer muito trabalho e paciência do tutor com o animal. É o tutor do animal que terá o papel principal em identificar pequenas mudanças no seu animal de companhia e transcrever estas mesmas mudanças para o seu Médico Veterinário.

No caso dos nossos animais de companhia não podemos falar, necessariamente, de depressão mas sim de estados depressivos que, poderão manifestar-se e traduzir-se em alterações comportamentais que se manifestam de forma variável e individual, não sendo, portanto nada fácil identificá-los, contudo é importante ficar atento a sinais como: lamber excessivamente as patas, urinar ou defecar em locais diferentes do habitual, pequenas mudanças no comportamento, escavar buracos, destruir objetos, comportamentos agressivos com pessoas e outros animais que até então não tinha, anorexia, vómitos, diarreia, prostração ou até recusar festas. Estes ou até mesmo estados mais sérios de doença que decorram das alterações anteriores, podem ser alguns sinais que o seu animal está deprimido

O estado depressivo, se não for identificado, pode a longo prazo revelar-se um problema sério a nível comportamental que poderá necessitar da intervenção de vários profissionais nomeadamente o Médico Veterinário e até mesmo um treinador de animais que possa instituir ferramentas que possam ajudar em determinadas alterações comportamentais.

Apesar de existirem vários fatores que podem desencadear estados depressivos, tenha especial atenção aos seguintes: perdas por morte ou abandono, introdução de um novo animal sendo ele da mesma espécie ou não, mudança de ambiente ou de rotina subitamente, fome, frio ou sede, exposição a situações traumáticas.

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