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Banco de Leite. A importância das dadoras para recém-nascidos prematuros

O Dia Mundial da Prematuridade é assinalado esta terça-feira, dia 17 de novembro. Como tal, lembramos a importância do Banco de Leite e, em particular, das dadoras, para os recém-nascidos prematuros.

Banco de Leite. A importância das dadoras para recém-nascidos prematuros
Notícias ao Minuto

09:00 - 17/11/20 por Teresa David

Lifestyle Dia Mundial da Prematuridade

Esta terça-feira, dia 17 de novembro, assinalamos o Dia Mundial da Prematuridade com uma entrevista à coordenadora de Neonatologia Centro Hospitalar de Lisboa Central, Dr.ª Teresa Tomé, que nos falou acerta da missão do Banco de Leite, da importância das dadoras e do impacto da atual pandemia na doação de leite para os recém-nascidos prematuros.

Qual é a história do Banco de Leite?

O Banco de Leite no Centro Hospitalar de Lisboa Central iniciou a sua atividade em 2010. É o único banco existente atualmente em Portugal, sendo muito desejável o seu alargamento a outras zonas do país. Trabalhamos em rede com a comunidade, nomeadamente com uma colaboração estruturada com o ACES de Oeiras.   

Qual é a missão do Banco de Leite? É cada vez mais uma necessidade? 

A satisfação das necessidades mais básicas das crianças é a principal missão do Banco de Leite – alimentação e criação de condições para o seu crescimento saudável.

Felizmente, tem sido possível aumentar a quantidade de leite das próprias mães, o que permite utilizar o leite de dadora só nas falhas daquele.

A propósito do Dia da Prematuridade, vai realizar-se a webinar 'Avanços na nutrição neonatal: caring for babies born too soon', promovida pelo Nestlé Nutrition Institute, em parceria com a Fundação Europeia (EFCNI) e que contará com especialistas internacionais que irão falar da nutrição e do papel dos Bancos de Leite, pelo que poderá ser interessante perceber o seu funcionamento e o seu impacto noutros países.

A importância das dadoras de leite para os recém-nascidos muito prematuros é semelhante à dos dadores de sangue para as pessoas que vão necessitar de transfusões de sangueQuantos prematuros nascem anualmente, em Portugal?

Em Portugal, nascem por ano cerca de 8 mil bebés prematuros e 10% ficam internados, em média, 60 dias em Unidades de Cuidados Intensivos. Oito em cada 100 bebés nascem com menos de 37 semanas de gestação, e 1% dos recém-nascidos tem menos de 1.500 gramas. Os prematuros representam 1/3 da mortalidade infantil no nosso país. As crianças que nascem antes do tempo têm problemas específicos que exigem apoios especializados. 

Qual é a importância das dadoras? 

A importância das dadoras de leite para os recém-nascidos (RN) muito prematuros, cujas mães não têm ou têm quantidade insuficiente de leite, é semelhante à dos dadores de sangue para as pessoas que vão ser submetidas a grandes cirurgias ou que, por outros motivos, vão necessitar de transfusões de sangue.

A utilização de leite materno e/ou de dadora em vez de fórmula artificial para prematuros, diminui em cerca de 80% o risco de infeção intestinal (enterocolite necrotizante), com risco de morte, intestino curto ou internamento prolongado (por cada 6 RN alimentados desde o nascimento com LM/LD evita-se 1 enterocolite). A incidência de enterocolite necrotizante em RN muito prematuros varia entre as Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN) entre 5 a 10-12%, quando não são utilizadas políticas de nutrição com leite humano. A mortalidade das enterocolites é elevada, a maioria dos RN necessitam cirurgia e os tempos de internamento muito superiores, assim como a morbilidade.

O risco de outras infeções também diminui significativamente com a utilização de leite humano (materno e/ou dadora).

São aceites mulheres a amamentar exclusivamente os seus filhos, da primeira semana após o parto até quatro meses após o parto. O processo mantém-se enquanto a dadora o desejar ou ser atingido um período de cerca de 12 meses após o partoQuem pode doar?

Para ser dadora, os critérios são semelhantes aos dos dadores de sangue (saudáveis, sem doenças infeciosas nem utilização de medicação sistémica), aceitação das regras dos bancos de leite relacionadas com a metodologia de colheita, armazenamento, análises serológicas com alguma periodicidade, acrescido da necessidade de terem leite suficiente para o próprio filho e um ligeiro excedente, que aumenta com o início da doação.

São aceites mulheres a amamentar exclusivamente os seus filhos, da primeira semana após o parto até quatro meses após o parto. Após entrar em contacto telefónico com o Banco de Leite, a potencial dadora é atendida inicialmente por uma enfermeira, que faz uma primeira triagem. Se aceite nessa primeira triagem, passa a uma triagem por médico e, se finalmente aceite, é preenchido um consentimento informado e iniciado o processo de fornecimento, em casa, de bomba extratora, recipientes de recolha e congelamento do leite.

Periodicamente a dadora é contactada para monitorização e agendadas as recolhas de leite com entrega de novos recipientes. O processo mantém-se enquanto a dadora o desejar ou ser atingido um período de cerca de 12 meses após o parto. 

Como funcionam as doações em tempos de pandemia?

A pandemia implicou alterações de procedimentos nas consultas, na entrega e recolha de equipamento e leite, nos cuidados no ensino às dadoras e nas instruções no caso de infeção por SARS-CoV-2. Ocasionalmente, a situação de pandemia/confinamento, causou alguns atrasos na realização de análises a dadoras, fundamental para a disponibilização do seu leite aos prematuros, condicionando períodos transitórios, curtos, de utilização mais restritiva do leite de dadora. Cada prematuro muito baixo peso (MBP), necessita em média 1,5 a 2 L de leite humano nas primeiras 3-4 semanas de vida, dependendo a quantidade de leite de dadora, do leite materno disponível.

A quantidade de leite atualmente existente, permite alimentar cerca de 15 prematuros muito baixo peso durante cerca de duas semanasExiste escassez de leite?

O número de dadoras e a quantidade de leite doado flutua ao longo do ano, sendo mais críticos os períodos de férias de verão. Neste momento não podemos dizer que temos escassez de dadoras nem de leite de dadora, mas temos obviamente necessidades constantes de ativação de dadoras de modo a garantirmos capacidade de resposta às necessidades.

Atualmente, temos capacidade para fornecer a UCIN da MAC e outras UCINs da área da Grande Lisboa (nomeadamente Hospital de Dona Estefânia, da Amadora, de Cascais, etc).

A quantidade de leite atualmente existente, permite alimentar cerca de 15 prematuros muito baixo peso durante cerca de duas semanas. É um processo dinâmico, em que existe um stock de leite já pasteurizado, pronto para ser utilizado, e leite doado, pronto para ser pasteurizado se se aproximarem 2,5-3 meses após a doação ou necessidade acrescida de leite de dadora.

Que impacto está a ter a pandemia?

Com a pandemia não se verificou diminuição do número de dadoras nem da quantidade de leite doado, mas sim atraso e dificuldade em conseguir que, algumas dadoras, se deslocassem ao laboratório para fazer análises fundamentais para o seu leite ser disponibilizado aos prematuros, apesar de se criar uma via prioritária específica para as dadoras. 

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