"A alma tem peso". A origem da ideia de que a alma pesa 21 gramas

Segundo os antigos egípcios, após a morte seguimos numa longa e desafiante viagem no barco de Re ou Ra, o deus Sol, até alcançarmos o Salão da Dupla Verdade, para finalmente enfrentarmos o Julgamento da Alma. Está preparado?

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Notícias ao Minuto
02/09/2020 10:35 ‧ 02/09/2020 por Notícias ao Minuto

Lifestyle

O peso da alma

O coração, órgão este onde todas as boas e más ações ficam registadas, é pesado numa balança de modo a ser comparado com a pena de Maat, a deusa da Verdade e da Justiça, explica a BBC num artigo publicado no seu site.

Consequentemente, se tivermos levado uma vida digna, a nossa alma irá ter um peso menor ou o mesmo que a pena, e poderemos viver no paraíso na companhia de Osíris.

Resquícios desse mito milenar permanecem numa pesquisa publicada nas revistas científicas American Medicine e no Journal da American Society for Psychic Research, em 1907,  intituladas: 'Hipótese sobre a substância da alma junto com a evidência experimental da existência dessa substância'. 

O misterioso peso da alma

Segundo a BBC, uma manchete do jornal norte-americano The New York Times, o primeiro a divulgar os dados apurados do estudo, foi mais concisa: "A alma tem peso, diz um médico."

Estamos a falar do médico escocês Duncan MacDougall, nascido em Glasgow, em 1866, que se mudou para o estado de Massachusetts, nos EUA, aos 20 anos idade e aí se formou em medicina na Universidade de Boston.

A balança perfeita

A sede da Casa da Tuberculose Cullis estava na posse de um comerciante que negociava com a China e, que aquando da sua mudança, trouxe para o edifício uma vasta série de artefactos. 

Um desses objetos, à primeira vista irrelevante, era uma balança de plataforma padrão Fairbanks. Dispositivo revolucionário inventado em 1830 que permitia que grandes objetos fossem pesados com exatidão.

Ao se deparar com esta balança, num hospital onde a morte reinava, MacDougall teve uma ideia inusitada: e que tal tentar pesar a alma?

De acordo com a peça publicada no The New York Times seis anos mais tarde, o médico pretendia inquirir "se a saída da alma do corpo era acompanhada por alguma manifestação que pudesse ser registada por algum meio físico".

MacDougall partiu da proposição de que a alma abandona o corpo no momento da morte.

O médico escocês construiu uma cama especial, colocando uma estrutura leve em balanças sensivelmente ajustadas, sensíveis a dois décimos de onça, sendo que cada onça equivale a 28,3 gramas.

Nesse local, explica a BBC, eram depositados os doentes em estado terminal, que eram minuciosamente examinados durante e após a morte.

Na observação, qualquer oscilação relativa ao peso era medida, incluindo as perdas de fluidos corporais, como suor e urina, e gases, como oxigênio e nitrogénio.

Juntamente com "quatro outros médicos" sob sua direção, "cada um fazendo suas próprias medições", foi estabelecido, segundo MacDougall, que "um peso de 0,5 a 1,25 onças [gramas] deixa o corpo no momento da morte", relata a BBC.

"No instante em que a vida cessa, a bandeja na balança oposta caiu com velocidade surpreendente, como se algo tivesse deixado repentinamente o corpo", afirmou o clínico.

Problemas metodológicos...

O problema fundamental do estudo que durou um total de seis anos consiste na sua dimensão - foram analisados apenas seis casos.

Mas, há mais. No fim, dois doentes não puderam ser considerados. Um porque "infelizmente as nossas balanças não foram ajustadas com precisão e houve muita interferência de pessoas que se opuseram ao nosso trabalho", contou MacDougall.

O outro caso teve de ser ignorado porque "não foi um teste justo: o paciente morreu quase cinco minutos após ser colocado na cama e enquanto eu ajustava a haste".

Ou seja, foram avaliados quatro casos. E se em três ocorreu a descida instantânea de peso, em dois o peso subiu com o passar do tempo. Entretanto, no quarto caso, a queda foi invertida, e repetiu-se.

Sem esquecer que a equipa na altura tinha dificuldade em determinar a hora exata da morte - algo determinante para chegar a uma conclusão precisa. 

E a verdade, conforme explica a BBC, é que apesar de vários jornais terem tratado os resultados da investigação como uma prova inequívoca da existência da alma, "o próprio MacDougall não estava convencido de que seu trabalho havia provado alguma coisa". 

O médico achava que eram necessários mais estudos para validarem de alguma forma os dados que havia recolhido.

Todavia, a noção de que a alma pesa 0,75 onça ou 21 gramas, a redução de peso registada no primeiro caso da experiência de MacDougall, continua viva um pouco por todo o mundo. 

Leia Também: Mito ou facto: Faz mal dormir com plantas no quarto? Pode matar?

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