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"Posso ser bem educado e dominar pouco ou quase nada regras de etiqueta"

Estivemos à conversa com o autor do livro 'Etiqueta Moderna - o Manual das Novas Boas Maneiras'.

"Posso ser bem educado e dominar pouco ou quase nada regras de etiqueta"

As regras de etiqueta não passaram de moda e é precisamente isto que Vasco Ribeiro nos pretende mostrar com o seu mais recente livro -  'Etiqueta Moderna - o Manual das Novas Boas Maneiras'. Estivemos à conversa com o autor, especialista no que a este tema diz respeito. 

No início do livro cita uma das frases mais conhecidas de Coco Chanel - "Não é a aparência, é a essência. Não é o dinheiro, é a educação. Não são as roupas, é a classe". Qual é para o Vasco o verdadeiro sentido desta expressão?

É que, acima de tudo, as boas maneiras são algo que não se compra, mas que faz parte da nossa conduta, da nossa postura e da nossa atitude perante a sociedade. 

Sente que de certa forma as regras de etiqueta sempre foram associadas a uma elite?

Sim, a uma elite, às ditas famílias com 'pedigree social', as tais famílias de berço, e de facto este novo livro vem demonstrar que a etiqueta é para tudo e para todos, dos oito aos 80, pessoas de qualquer extracto e condição social. 

Por que decidiu escrever este livro?

Porque todos os livros de etiqueta não contemplavam ainda alguns temas mais atuais da sociedade. A questão das redes sociais, por um lado, a dos animais, por outro. Também a nível de reuniões de trabalho… o mundo está a mudar e a etiqueta não podia ficar desatualizada, desaparecer, mas supunha-se que fosse modernizada. Este é um livro que é basicamente um manual das novas boas maneiras.

Com novas boas maneiras todos nós vamos mais longe a nível pessoal, social e também a nível profissional Ainda há falta de boas maneiras na sociedade?

Estão em falta ainda. As nossas gerações adotaram comportamentos diferentes das gerações atuais mais antigas. Há que perceber que com novas boas maneiras todos nós vamos mais longe a nível pessoal, social e também a nível profissional. 

E em que circunstâncias em concreto se sente essa falta de boas maneiras?

Em atropelos a nível social. Andamos a um ritmo alucinante, sobretudo a nível profissional e também há a questão de ignorarmos o outro, de olharmos para o nosso ego, mas vamos sempre viver em sociedade. Também no digital reparamos que cada vez mais existem redes sociais e atrás de um ecrã não pode valer tudo. 

Então podemos concluir que etiqueta é sobretudo importarmo-nos com o espaço do outro…

Com o espaço do outro, com o outro e para o outro. 

Muitas vezes as pessoas confundem etiqueta com educação e não é a mesma coisa Considera que há alguma diferença entre ter etiqueta e ser politicamente correto?

Ser politicamente correto implica que eu tenha boas maneiras, etiqueta. Muitas vezes as pessoas confundem etiqueta com educação e não é a mesma coisa. Educação é eu saber que vou cruzar-me consigo e que tenho de a cumprimentar, agora, como é que eu a devo cumprimentar isso sim já é etiqueta. Para ser embaixador das boas maneiras tenho de ser por base bem educado, no entanto, posso ser uma pessoa bem educada e dominar pouco ou quase nada regras de etiqueta.

 As pessoas como estão escondidas nas redes sociais acham-se muito mais no direito de dizerem o que querem Acha que a falta de educação ou etiqueta nas redes sociais é uma extensão do que acontece na vida real?

Sim, é uma extensão da tal falta de educação que deve vir de casa. As pessoas como estão escondidas nas redes sociais, ou seja, não têm uma relação presencial, acham-se muito mais no direito de dizerem o que querem e como querem, basicamente sem filtro algum.

Há quem justifique esses comportamentos afirmando que é frontal…

Posso dizer tudo na cara, o problema é como é que o digo. É muito fácil fazer parte daquele grupo dos 'haters' desta vida. Posso ter uma opinião completamente diferente da sua, tenho é de saber apresentá-la, expô-la sem estar a ferir a sua opinião e sem ser mal educado e isso é que ainda falta nas redes sociais. 

De todas as regras que partilha qual para si é a mais relevante?

São muitas, mas diria quando somos convidados para participar em grupos e quando nos enviam pedidos para jogos. Se a outra pessoa tem assim um 'ódio de estimação' aos jogos ou grupos, depois tem de estar a sair da conversa e torna-se chato. 

Há opiniões que defendem que o cavalheirismo evidencia comportamentos machistas. Qual a opinião  do Vasco sobre isto?

Acho que hoje em dia se fala da paridade e da igualdade de género como nunca antes se falou, e ainda bem, mas a realidade é que nunca passará de moda abrir a porta a uma senhora, puxar uma cadeira, o que quer que seja. Aqui a questão depende: se falarmos de protocolo o que manda é o poder que a pessoa ocupa. Posso estar com uma senhora 10 ou 15 anos mais velha do que eu, mas estando hierarquicamente acima dela tenho precedência sobre ela. 

Pagar a conta no restaurante... claro que sim, por que não se foi ela a convidar?

A questão do cavalheirismo continua a ser bem visto, como é lógico, no entanto, reparamos que as mulheres cada vez mais ocupam cargos de gestão de topo, cá e lá fora, e por isso, gostam de mostrar a sua independência social e económica. Por exemplo, pagar a conta no restaurante... claro que sim, por que não se foi ela a convidar?

Das regras para o público feminino a nível social qual a mais relevante na sua visão?

Não só para as mulheres, como também para os homens, é quando tratamos alguém por você. Ao tratar alguém por você estou-me a diminuir logo na hora, porque estou a colocá-la num patamar superior ao meu. Posso tratar alguém pela terceira pessoa recorrendo ao nome em questão. 

Costumo comparar uma entrevista de emprego a um namoro No contexto profissional qual para o Vasco é um grande não numa entrevista de emprego?

Costumo comparar uma entrevista de emprego a um namoro, tem de haver ali uma empatia natural, porque para além do que eu tenho escrito no meu currículo ninguém me vai testar ao nível de competências técnicas. O que sugiro é fazer o trabalho de casa e perceber em que projetos é que a pessoa já esteve envolvida. No fundo é termos uma cópia intelectual da pessoa que nos vai entrevistar, mas nunca perdendo o nosso carisma. Por exemplo, se souber que é consigo que eu me vou reunir posso fazer um pequeno raio x nas suas redes sociais e perceber o tipo de roupa que mais usa e mais gosta. Assim há logo uma semelhança, uma empatia. Afinal, eu é que quero um lugar na empresa. 

O facto de uma pessoa partilhar nas redes sociais muitas fotografias em ocasiões mais informais, como por exemplo de férias, contribui para uma construção positiva da sua imagem?

Nem sempre. Se a pessoa estiver na área da moda ou do espetáculo esse tipo de fotografias é mais bem visto. Agora se tiver uma profissão mais convencional deve regrar-se um pouco mais nesse tipo de fotos. Pode pôr uma ou outra, mas não carradas, mesmo que seja no verão, de férias, ou numa esplanada. 

Devemos evitar criticar ou falar mal de quem quer que sejaUm dos erros mais comuns que o Vasco evidencia é a "coscuvilhice". Por que razão ainda há uma tendência para as pessoas caírem neste erro?

Penso que é um pouco a nossa 'portugalidade', obviamente devemos evitar criticar ou falar mal de quem quer que seja, porque nunca sabemos quem é que a outra pessoa conhece ou vai passar a conhecer. Nesse aspeto devemos ser sempre o mais politicamente corretos possível, porque como costumo dizer isto é tudo um T0. 

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