Isso porque um dos corantes vermelhos mais usados nos alimentos, nomeadamente o carmim, é feito a partir de insetos esmagados.
Os bichinhos usados para fazer esse corante são chamados cochonilhas e são nativos da América Latina, onde vivem em cactos.
Estes são cultivados atualmente no Peru e milhões daqueles seres são coletados durante todo ano para produzir o carmim.
O corante é um item básico da indústria global de alimentos, sendo adicionado a inúmeros produtos, desde iogurtes, a gelados, bolos, refrigerantes, bolachas e donuts.
Adicionalmente é bastante utilizado na indústria de cosméticos e é encontrado em muitos batons.
O carmim continua a ser amplamente utilizado porque é um aditivo extremamente estável, seguro e de longa duração, cuja cor é pouco afetada pelo calor ou pela luz.
Quem apoia o uso desse ingrediente também defende que é um produto natural, descoberto há muito tempo pelos maias e depois usado também pelos astecas há mais de cinco séculos. Afirmando que o carmim é muito mais saudável do que alternativas artificiais, como corantes alimentícios feitos a partir de carvão ou derivados de petróleo.
Mas até os fãs do carmim concordam que ele deveria ser explicado mais detalhadamente e especificado nos produtos.
Ou seja, se procurar pela palavra ‘carmim’ num produto alimentício que o contém, é provável que não consiga encontrá-la na lista de ingredientes.
Em vez disso, irá possivelmente deparar-se com termos como "vermelho 4", "vermelho 3", "cochineal", "corante natural de cochonilha", "corante C.I", "corante E120".
Amy Butler Greenfield, autor de ‘A Perfect Red’ (‘Um Vermelho Perfeito’), um livro sobre o carmim e sua história, afirma que, embora acredite que o componente deveria ser devidamente especificado, este é um produto natural que "sobreviveu ao teste do tempo".
"O carmim é incrivelmente estável e confiável como comida natural, pode ser usado para criar uma ampla gama de cores - rosas, laranjas, roxas e vermelhas. Poucas pessoas têm reações alérgicas a ele, mas no geral ele tem um ótimo histórico de segurança a longo prazo", afirmou.
Os insetos, que têm cerca de 5 milímetros de comprimento, são extraídos dos cactos espinhosos. São as fêmeas sem asas que são colhidas, em vez dos machos voadores.
A cor vermelha vem do ácido carmínico, que compõe quase um quarto do peso das cochonilhas e impede a predação por outros insetos.
"Em geral, esses insetos são dissecados primeiro. O corante de cochonilha é colocado em vários filtros para remover as partes de insetos", explicou Butler Greendield.
Ainda assim há quem não apoie a utilização do carmim para proteger os insetos. É o caso do grupo de defesa do direito dos animais Peta.
"Segundo relatos, são necessários 70 mil insetos individuais para produzir apenas 500 gramas de corante, portanto, naturalmente, é um produto que alguns consumidores vão querer evitar", afirma o grupo.
Uma das empresas que recentemente anunciaram ter parado de usar o carmim é a gigante norte-americana Starbucks.
Outros corantes alimentícios naturais incluem extratos de frutas vermelhas e de beterraba.
Mas para Butler Greenfield, apesar das preocupações com os insetos, também é importante ter em mente que o carmim é um produto natural e um recurso vital para a sobrevivência de produtores pobres do Peru.
"Convém ainda lembrar, que esses produtores peruanos são na sua maioria extremamente pobres e dependem do carmim para sobreviver", destaca.