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"Ainda hoje, Polícia não consegue ser sinónimo de Segurança Pública"

A propósito dos incidentes que têm marcado a atualidade e que envolvem a PSP, Dino d’Santiago partilha uma história emocionante de vida, recordando um momento que o marcou para sempre.

"Ainda hoje, Polícia não consegue ser sinónimo de Segurança Pública"
Notícias ao Minuto

17:55 - 22/01/19 por Notícias Ao Minuto

Fama Dino d’Santiago

Os moradores do Bairro da Jamaica e a Polícia de Segurança Pública têm estado no centro das atenções depois dos incidentes que protagonizaram no domingo passado. Ontem, os moradores manifestaram-se na Avenida da Liberdade para dizer "basta" à violência policial e "abaixo o racismo", um protesto que acabou com os agentes a serem apedrejados pelos manifestantes e com detenções.

Na sequência destes incidentes, o artista Dino D'Santiago decidiu partilhar uma história, recordando um momento que marcou para sempre a sua vida.

O cantor recuou a 1992, quando “a polícia militar invadiu o Bairro dos Pescadores, em Quarteira, sem pedir licença para entrar”. “Arrombou todas as portas que não abriram às únicas três pancadas de ‘Bom dia, é a polícia!’ Por nos estarmos a preparar para ir para a escola, eu, o meu irmão Elisio e a minha caçula Ligia, assistimos pela primeira vez a um choro desesperado da nossa sempre forte Mãe! O pai já tinha madrugado para ir exercer o seu trabalho como mais um pedreiro Cabo-verdiano”, lembra.

Segundo Dino, as autoridades “íam em busca de droga e dinheiros oriundos da mesma”. “Conta-se pelos dedos de uma mão, as casas em que encontraram o tão desejado troféu; Mas nem com todos os dedos das mãos da minha família e de todas as famílias numerosas oriundas de uma África na altura tão distante, conseguiríamos contar as lágrimas derramadas nos rostos daquelas mães e crianças daquela manhã de 92”, acrescenta, falando de seguida das imagens que permanecem na sua memória sobre aquele episódio.

“Ainda hoje, para mim e para o meu irmão, a palavra Polícia não consegue ser sinónimo de ‘Segurança Pública’. Ainda hoje tento perdoar o que vi naquela manhã, de G3 apontadas aos nossos rostos quando saímos para a escola, com a forma agressiva com que revistaram as nossas mochilas que o único peso que carregavam provinha dos livros. Esta história aconteceu no início dos anos 90 em Quarteira, sul de Portugal, mas é comum a todos os Bairros sociais representados de Norte a Sul do País. O choro da dor de uma Mãe é a maior cicatriz que um Ser Humano carrega no seu corpo e alma. E acreditem que o que mais me dói neste momento, é ver as reações de puro ódio, daqueles que exclamam ignorantemente ‘Se não estão bem aqui, porque não vão para a vossa Terra?’”, continua.

Antes de terminar, Dino D'Santiago explica que “foram criados pelos pais a não falar por ser perigoso, a não levantar a voz a uma autoridade por ser perigoso, a não dar resposta de revolta a cada ‘Preto de merda’ saído da boca da ignorância que continuam a chamar de Racismo”.

“Sempre procurei compreender as piadas, brincadeiras e até justifiquei muitas atitudes com um simples ‘não foi com intenção’, mas o que tenho assistido estes dias só me faz aperceber que o Sonho tão desejado de MLK, ainda é uma Utopia para todos nós”, realça, terminado a publicação com uma citação de Mahatma Gandhi: "Olho por olho, e o mundo acabará cego”.

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#DESCULPAMÃE eles não sabem o que fazem. . Em 1992, a polícia militar invadiu o Bairro dos Pescadores em Quarteira, sem pedir licença para entrar, arrombou todas as portas que não abriram ás únicas 3 pancadas de "Bom dia, é a polícia!" Por nos estarmos a preparar para ir para a escola, eu, o meu irmão Elisio e a minha caçula Ligia, assistimos pela primeira vez a um choro desesperado da nossa sempre forte Mãe! O pai já tinha madrugado para ir exercer o seu trabalho como mais um pedreiro Cabo-verdiano. Íam em busca de droga e dinheiros oriundos da mesma. Conta-se pelos dedos de uma mão, as casas em que encontraram o tão desejado troféu; Mas nem com todos os dedos das mãos da minha família e de todas as famílias numerosas oriundas de uma Africa na altura tão distante, conseguiriamos contar as lágrimas derramadas nos rostos daquelas mães e crianças daquela manhã de 92. Ainda hoje, para mim e para o meu irmão, a palavra Polícia não consegue ser sinónimo de "Segurança Pública". Ainda hoje tento perdoar o que vi naquela manhã, de G3 apontadas aos nossos rostos quando saímos para a escola, com a forma agressiva com que revistaram as nossas mochilas que o único peso que carregavam provinha dos livros. Esta história aconteceu no início dos anos 90 em Quarteira, sul de Portugal, mas é comum a todos os Bairros sociais representados de Norte a Sul do País. O choro da dor de uma Mãe é a maior cicatriz que um Ser Humano carrega no seu corpo e alma. E acreditem que o que mais me dói neste momento, é ver as reações de puro ódio, daqueles que exclamam ignorantemente "Se não estão bem aqui, porque não vão para a vossa Terra?" Fomos criados pelos nossos pais a não falar de politica, por ser perigoso, a não levantar a voz a uma autoridade por ser perigoso, a não dar a nossa resposta de revolta a cada "Preto de merda" saído da boca da ignorância que continuam a chamar de Racismo. Sempre procurei compreender as piadas, brincadeiras e até justifiquei muitas atitudes com um simples "não foi com intenção", mas o que tenho assistido estes dias só me faz aperceber que o Sonho tão desejado de MLK, ainda é uma Utopia para todos nós. "Olho por olho, e o mundo acabará cego." Ghandi #onelove

Uma publicação partilhada por Dino D'Santiago (@dinodsantiago) a 22 de Jan, 2019 às 4:06 PST

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