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"Quando é que eu me vou embora? Quero ir depois dos meus pais"

Como foi anunciado durante a semana, António Cordeiro foi o convidado deste sábado, dia 22, do programa 'Alta definição'. Uma entrevista em que fala abertamente da doença.

"Quando é que eu me vou embora? Quero ir depois dos meus pais"
Notícias ao Minuto

16:18 - 22/09/18 por Notícias Ao Minuto

Fama António Cordeiro

Há cerca de ano que António Cordeiro se debate com a doença a que foi diagnosticado, paralisia supranuclear progressiva. “Uma coisa que é raríssima e que faz com que as pessoas fiquem com problemas na movimentação e na fala”, explica o ator, referindo que a doença "tem a ver com parkinson, mas não há cura para a mesma”.

Os primeiros sintomas surgiram quando estava a gravar a novela 'Espelho d'Água', da SIC, e a fazer um espetáculo. Começou a ficar “um bocadinho baratinado com a dicção”. António fazia trabalhos de locução de publicidade e começou a ter dificuldades na realização dos mesmos. Na novela também viu os seus textos serem reduzidos para o ajudar e “falar cada vez menos”.

Na altura foi ao médico e inicialmente achavam que era uma depressão, tendo tomado medicação para a alegada doença mental. Ao fim de vários meses sem melhorar, foi ao hospital fazer uma série de exames. “Mas ninguém conseguia chegar a nenhuma conclusão”, recorda.

Naquele momento percebeu de imediato o impacto da doença. Questionado por Daniel Oliveira sobre como é que se lida com tal situação, António afirma: “É muito difícil”.

O ator explica que não há nenhuma justificação para o surgimento da doença, apenas “apareceu”. “E ninguém da minha família tem”.

A primeira pessoa com quem falou depois de ter recebido o diagnostico foi com a mulher. “Foi sempre comigo lá. Tem sido uma pessoa absolutamente incrível. Tem feito tudo para que eu seja um tipo normal. E eu não sou um tipo normal, nunca fui um tipo normal. Obrigado, obrigado mesmo”, acrescentou.

Filho único, António Cordeiro está prestes a completar 60 anos. A viver o terceiro casamento, o ator não tem filhos.

Tem consciência de tudo o que está a acontecer o que, confirma, torna-se mais “difícil” de digerir. “Tenho a noção clara que vai ser difícil fazer coisas que gosto, ou seja, correr, representar. Fico com medo de fazer coisas, sinto que não sou capaz de as fazer. Estou a reaprender tudo de novo outra vez, como é que devo andar, sentar, falar. Tem que ser tudo muito pensado”.

Uma doença que “não tem tratamento”, apenas existem formas de atenuar, com os tratamentos do Parkinson. O conselho dado pelos médicos é “não parar”. “E não paro, só de trabalhar, isso é que é chato porque fico sem dinheiro. As poupanças vão e acabam. Não tenho nenhuma televisão que queira trabalhar comigo. Estão todos com medo que eu não consiga fazer nada. Isso não é verdade. Consigo”. Em relação aos sintomas físicos, sente “um certo cansaço quando começo a falar”.

Por causa da doença já sofreu várias quedas, uma vez que perde o equilíbrio, e já se magoou a sério numa das vezes em que isso aconteceu.

O apoio que necessita neste momento, afirma, é de trabalhar. “Preciso de sentir que as pessoas gostam de mim”.

Tem recebido manifestações de apoio dos amigos e familiares, o que tem ajudado neste processo. “Conta connosco”, foram palavras que deixaram o ator sensibilizado.

Do meio artístico também tem recebido o apoio das pessoas mais próximas, entre elas Simone de Oliveira. No entanto, confessa: “Podiam ter ligado mais. Mas eu estou bem com as coisas como elas estão”.

Neste momento, sem trabalho, António está a ser obrigado a recorrer às poupanças o que o deixa preocupado. “Uma preocupação muito grande ao ponto de já me terem sugerido a reforma. Não me quero reformar. Tenho tanto para fazer ainda. Quero fazer coisas, olhar para uma câmara e dizer: ‘Sou o António, eu próprio’”.

Sobre as poupanças que conseguiu ao longo da vida, o ator confessa que não são muitas. “Não sei o que é que é um bom pé de meia, mas não”, disse referindo que estas só irão durar pouco mais de um ano. “Mas eu não posso viver de poupanças. Ninguém pode viver de poupanças. Tenho 59 anos, vou fazer 60 e ainda tenho muita coisa para fazer”.

Neste momento passa os dias a ver séries na Netflix, sem esquecer a ginástica e os almoços com os amigos.

Sem estar à espera dos problemas que possam surgir no futuro, o artista frisa que neste momento quer é “fazer coisas”.

Apesar dos momento difíceis que tem vivido, António Cordeiro mantém o seu bom humor. “Mas tenho medo que esta coisa do bom humor também desapareça”.

O ator admite também que “não acredita em Deus”. “As pessoas dizem-me para ter fé e acreditar que Deus me vai ajudar. E eu fiquei assim: ‘Mas Deus vai ajudar-me como?’ Se Deus existe tem que se preocupar com outras coisas, porque é que se vai preocupar comigo?”.

Ao lado da mulher que “tem sido o amparo dos dois”, continua com força para lutar contra as adversidades da doença, lamentando, de certa forma, o facto de não ter tido filhos.

Quando era mais novo não pensava em aumentar a família, mas agora não mantém essa opinião. “Na altura não. Como é que eu criava um filho sem pensar nos problemas do dinheiro”, disse, referindo que a sua profissão é “muito ingrata” pois nem sempre tem trabalho. No entanto, agora arrepende-se de certa forma por não ter sido pai. “Às vezes meto-me a pensar: ‘Quando for embora não fica cá ninguém para me lembrar. Quem é que se lembrará de mim, um gajo do YouTube?".

Hoje em dia já começa a pensar nas questões da morte. “Começo a pensar: ‘Quando é que eu me vou embora?’. Quero ir depois dos meus pais já terem ido”, admite. “Eu gostava que quando chegássemos ao lado de lá reencontrássemos as pessoas de uma maneira muito gentil, mas não sei. Não sei se a gente não volta cá noutro corpo”, acrescenta.

António gostava de ser recordado como “um bom tipo”. “Foi-se embora, é uma pena”, acrescentou, referindo que gostava que os seus colegas o recordassem como sendo “muito bom ator e sabia o que fazia”.

Outra das questões levantadas por Daniel Oliveira foi a eutanásia, ao que o ator respondeu: “É uma atitude muito coerente, muito corajosa de quem a toma. Se tivesse nessa situação, se calhar dizia 'apaga à luz que já estou farto da luza acesa'. Não sei”.

Não concretizou tudo o que idealizou, pois gostava de dar aulas. Os sonhos não ficaram pelo caminho, talvez um tenha ficado, o de ter um filho.

Além da doença, António lembrou ainda a infância, tendo confessado que na adolescência “fumou umas ganzas".

António deixa ainda uma mensagem a todos os que se preocupam consigo: “Sei que é uma situação complicada mas não vou ficar à espera que me aconteça alguma coisa já amanhã. Têm que pensar que eu estou cá para continuar a trabalhar e a fazer coisas”.

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António Cordeiro fala abertamente da doença que tem enfrentado. “Uma coisa que é raríssima e que faz com que as pessoas fiquem com problemas na movimentação e na fala”. Saiba mais na bio ( Global) #famaaominuto #noticiasaominuto #ator #antoniocordeiro #danieloliveira #altadefinicao #sic #telenovelas

Uma publicação partilhada por Fama ao Minuto (@famaaominuto) a 22 de Set, 2018 às 10:04 PDT

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