Fernando Paiva de Castro falava à Lusa a propósito do estudo do "Ecossistema Exportador e Importador do Distrito de Aveiro", realizado no âmbito do projeto Qualify e que é apresentado quarta-feira.
Além de um conjunto de indicadores, o estudo, realizado pela Deloitte, conclui que a estratégia a seguir deve conjugar a substituição de importações com o aumento das exportações, para que as empresas possam ter escala para competir.
"As nossas empresas, embora versáteis, estão habituadas a pequenas produções", observa Fernando Paiva de Castro, para quem o principal obstáculo ao crescimento é a dificuldade em recrutar mão-de-obra, já sentida em setores como a metalomecânica.
Os dados do estudo não são tranquilizadores: além do envelhecimento da população, semelhante ao panorama nacional, o distrito perdeu habitantes e densidade populacional. Em 2015 havia 701.369 habitantes o que, comparando com o ano de 2011 (havia então 713.083 habitantes), aponta para uma perda de população de 1,6 por cento.
No entanto, são identificadas oportunidades para aumentar as exportações, mas sobretudo para reduzir as importações.
"Quanto ao comércio externo, contrariamente ao que se verifica com Portugal continental, o distrito de Aveiro apresentou, em 2016, um saldo positivo de 2,486 milhões de euros, em resultado da exportação de bens que ascendeu a 6,488 milhões de euros e um volume de importações de 4,001 milhões de euros", refere o estudo.
A taxa de cobertura das exportações pelas importações no distrito, nesse ano, foi de 162%, enquanto no país foi de 83% e o distrito apresenta um peso de 13% no total das exportações nacionais, enquanto o peso das importações da região é de 7%.
As indústrias transformadoras são as que mais exportam (90,5%), mas Paiva de Castro não deixa de destacar também que 58,3% da madeira e cortiça que é exportada por Portugal, é oriunda de empresas do distrito de Aveiro.
O presidente da AIDA vê também um horizonte promissor para o setor cerâmico, com expressão no distrito, desde a cerâmica de construção e acabamento à porcelana fina e de mesa.
Os setores responsáveis pela dinâmica exportadora do distrito são também aqueles que mais importam, tendo só o das indústrias transformadoras um peso de 76,6% nos 4,002 milhões de euros, das importações totais de bens do distrito, em 2016.
O estudo identifica 18 produtos com mais de 1% das importações, que representam 3.366 milhões de euros, dos quais 12 têm oportunidade de substituição por produção local ou nacional.
O presidente da AIDA dá o exemplo da pasta de celulose, papel e cartão, que o distrito importa, apesar de ter em Cacia a fábrica da Navigator.
"Estou convencido que com a ampliação da fábrica e com a nova fábrica de papel tissue que a Navigator está a construir, esse panorama será alterado", diz.