"Os sacrifícios não foram em vão, mas houve um falhanço claro"
O antigo ministro socialista da Economia, Augusto Mateus, defende em entrevista ao Diário Económico que um Governo revelou “teimosia” e uma “fé excessiva” numa política económica e de austeridade que “falhou”. Apesar de considerar que “os sacrifícios não foram em vão”, Augusto Mateus não tem dúvidas em afirmar que “houve um falhanço” e que é “obviamente do primeiro-ministro, do Governo, [e] das forças políticas”.
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Economia Augusto Mateus
Partindo do pressuposto de que a austeridade e o crescimento “podem e devem” ser conciliados, o antigo ministro socialista, Augusto Mateus, diz hoje, em entrevista ao Diário Económico, que “os sacrifícios [dos portugueses] não foram em vão, mas houve um falhanço claro” do plano seguido pelo Governo.
Prova disso, refere o ex-governante, é a carta de ‘despedida’ de Vítor Gaspar que mais não é do que “o julgamento de alguém que (…) não soube construir um programa credível, nem exequível para alcançar os objectivos a que se propôs”.
Augusto Mateus conclui, por isso, que “a receita falhou”. “Dei a este Governo o benefício da dúvida, até porque me parecia essencial combater as soluções de facilidade, aquela ideia de que há sempre uma justificação para que não se faça porque é impossível fazer. Tínhamos de reduzir drasticamente a administração pré-bancarrota e as necessidades de financiamento da economia e do sector público, de rever em baixa os nossos níveis de consumo, de racionalizar muita coisa, e produzir uma outra dinâmica de rigor nas contas públicas. Mas, para isso ser feito, era preciso saber quais as consequências dessas medidas na economia e qual o efeito de ‘feedback’ sobre a própria receita fiscal”, sublinha.
Mas isso “foi desvalorizado” pelo Governo, considera o antigo ministro, recordando, nesta entrevista, que teve “oportunidade de dizer que a receita que o Governo estava a tentar construir não era tonta, mas que não seria eficaz”.
Mas, a “teimosia” e “fé excessiva” foram mais fortes, sublinha Augusto Mateus, acrescentando que “a responsabilidade é, obviamente do primeiro-ministro, do Governo, e das forças políticas”, devido “talvez a uma insuficiente compreensão de que estamos a viver um tempo de grande mudança”.
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