"Até ao final de 2013, o Governo deverá ter cumpridos dois terços dos esforços iniciados em 2011 para estabilizar os défices. Tendo em conta este balanço e o caráter ainda hesitante da recuperação, o Governo deverá abrandar o ritmo do ajustamento", defende a organização no seu relatório anual sobre a economia francesa, hoje divulgado.
O Fundo prevê que França termine o ano de 2013 com um défice de 3,9% do Produto Interno Bruto (PIB), contra os 4,8% registados em 2012.
O Governo francês estima que o défice atinja os 3,7% este ano, mas o ministro da Economia, Pierre Moscovici, reconheceu na semana passada que este indicador poderá ser "ligeiramente superior" à estimativa oficial.
O esforço de redução do défice público, a incerteza política antes das eleições presidenciais de 2012 e a conjuntura nos países europeus vizinhos pesaram no crescimento económico de Paris no último ano, "mas as recentes melhorias nos indicadores económicos apoiam a previsão de uma recuperação progressiva no segundo semestre de 2013", afirma a instituição liderada por Christine Lagarde.
Citando as condições de crédito favoráveis e o fraco endividamento das famílias e das empresas como fatores que sustentam o crescimento, o Fundo confirma a previsão de uma contração de 0,2% do PIB este ano e um crescimento que deverá atingir os 0,8% em 2014.
No entanto, além desta "recuperação cíclica", o potencial de crescimento de França está "travado pela rigidez estrutural nos mercados de trabalho e de bens, que contribuíram para uma perda progressiva de competitividade e do desempenho das exportações".
Os autores do relatório encorajam o país a "continuar as reformas estruturais para apoiar o aumento do consumo privado e para reforçar a competitividade" e apelam ao Governo francês para que reforme o sistema de pensões, aprofunde a reforma do mercado de trabalho e promova mais a concorrência nos mercados de bens e serviços.
O FMI realiza todos os anos uma missão de consulta à economia francesa no âmbito do artigo IV dos seus estatutos, que estipula que o Fundo exerça "uma firme fiscalização das políticas dos Estados membros".