Confrontado com o facto de no primeiro semestre deste ano, o grupo TAP ter agravado os prejuízos, face ao período homólogo de 2016, Diogo Lacerda Machado explicou que existe uma circunstância que o justifica.
"Aquele resultado do primeiro semestre tem um pagamento que foi o último esforço para equilibrar a exploração da VEM [antiga brasileira Varig Engenharia e Manutenção]" e se se "descontar esse [valor] não recorrente, as pessoas perceberão como o ano vai ser muito interessante", disse Lacerda Machado, que se deslocou a Macau no âmbito do congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT).
O prejuízo do grupo Tap agravou-se cerca de 3%, para 52,075 milhões de euros, no primeiro semestre do ano, segundo um relatório divulgado pela Parpública, 'holding' através da qual o Estado detém 50% da empresa.
Os rendimentos e ganhos, por sua vez, aumentaram 11%, para 1.254,3 milhões de euros, face aos 1.126,8 milhões de euros apurados em igual período de 2016, segundo o Relatório e Contas disponível no 'site' da Parpública.
"A TAP aumentou muito a oferta. O aumento da oferta, normalmente, corresponde numa fase inicial a uma diminuição da taxa de ocupação. Aqui a resposta foi absolutamente imediata, praticamente todas as linhas da TAP têm aumentado, e muito, e as receitas também. São aliás três indicadores que não costumam coincidir no desempenho de uma companhia aérea e que este ano na TAP estão a coincidir e todos bem para cima", adiantou ainda Lacerda Machado.
Assim sendo, referiu, "percebendo o significado daqueles números do primeiro semestre, ver-se-á que o ano vai ser muito interessante".
Lembrou ainda que para o ano, há mais aviões, "com níveis de eficiência bem diferentes destes aviões antigos que a TAP opera", e mesmo admitindo não ser "imparcial e de algum modo suspeito" -- Lacerda Machado esteve pelo lado do Estado envolvido na reversão da privatização -, considerou que o resultado da privatização da transportadora e da reconfiguração do processo "criou condições extraordinárias para a TAP ter um futuro interessantíssimo".
Antes, durante um painel de conversa com o presidente da APAVT no congresso, 'provocado' por Pedro Costa Ferreira sobre o negócio da compra da VEM no Brasil, que tem representado muitos prejuízos ao Grupo TAP, Lacerda Machado desvalorizou.
"Se a TAP não tem feito esse investimento absolutamente estratégico, decisivo para chegar onde chegou hoje no mercado brasileiro, o tempo seria muito pior", afirmou.
Lacerda Machado garantiu ainda que a Geocapital, empresa controlada por Stanley Ho em que é administrador, não recebeu qualquer 'prémio' da TAP por aquele negócio.