"Não há razões para supor que Portugal possa crescer"
A redução do consumo resultante dos cortes orçamentais vai impedir o crescimento económico de Portugal nos próximos dois anos, altura em que o desemprego deverá estar próximo dos 20%, de acordo com o economista João Ferreira do Amaral.
© Lusa
Economia Ferreira do Amaral
O Governo de coligação PSD/CDS-PP, liderado por Pedro Passos Coelho, foi eleito a 5 de junho de 2011, numa altura em que Portugal estava sob intervenção externa. Dois anos depois, o desemprego está em máximos históricos (17,7% no primeiro trimestre de 2013) e o Produto Interno Bruto (PIB) continua a cair (-3,9% no primeiro trimestre de 2013).
Em declarações à agência Lusa, questionado sobre as perspetivas macroeconómicas do país para 2015, o professor universitário disse que "é muito improvável que Portugal consiga crescer nos próximos dois anos, porque, de facto, a redução da procura interna, que resultará dos cortes orçamentais, vai impedir a recuperação da recessão".
Para Ferreira do Amaral, "não há razões para supor que Portugal possa crescer", a não ser "no caso improvável" de uma melhoria da situação económica na zona euro, com impacto positivo nas exportações portuguesas. "Pelo contrário, teremos provavelmente a continuação da recessão", reforçou.
Quanto ao desemprego, o economista considera que a evolução económica "não vai ser suficiente para criar postos de trabalho". O desemprego "aumentará mais ou menos consoante a emigração aumente mais ou menos, mas vai com certeza aumentar", antecipou.
"Depende muito do valor da emigração, mas não me espantaria que [a taxa de desemprego] chegasse aos 20% da população ativa", afirmou.
Para o professor universitário, daqui a dois anos, o investimento em Portugal também não deverá aumentar, uma vez que "não há procura" e "as empresas fazem investimento quando precisam de mais capacidade de produção para responder a essa procura".
No entanto, se para Ferreira do Amaral é certo que o consumo interno vai cair, já a procura externa é mais difícil de prever, porque depende da capacidade de retoma económica da Europa.
"Portugal vai submergir-se num problema muito maior que vai ser o da zona euro. Esse é que é o problema fundamental. Para os mercados financeiros, na zona euro, há vários países que estão próximos na situação difícil do ponto de vista financeiro, a juntar àqueles que já têm esses problemas. Penso que a própria zona euro vai ser a raiz última dos problemas financeiros e o problema de Portugal será integrado nisso", explicou.
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