Banif: Obrigações eram vendidas como investimentos de risco

O ex-presidente da Comissão Executiva do Banif, Jorge Tomé, disse hoje, no parlamento madeirense, que as ações e as obrigações subordinadas do banco foram sempre vendidas como "investimento de risco", contrariando assim os lesados, que afirmam ter sido enganados.

Jorge Tomé diz que notícia da TVI deu 'machadada final' no Banif

© Global Imagens

Lusa
07/07/2016 19:50 ‧ 07/07/2016 por Lusa

Economia

Jorge Tomé

Falando na Comissão Eventual de Inquérito ao Banif, o responsável assegurou que "não aconteceram procedimentos menos próprios" na venda destes produtos, pelo menos no período entre 2012 e 2015, ao contrário do que relatam muitos dos ex-clientes.

"O cliente tinha de saber o risco que corria, porque tinha de assinar uma declaração nesse sentido", explicou, sublinhando que a rede do Banif "nunca incentivou ninguém a comprar ações e obrigações sem alertar para o risco do investimento".

Jorge Tomé disse, também, que havia uma regra interna que não permitia a venda de obrigações em valor superior a 20% do património do cliente no Banif, vincando que todo o processo era acompanhado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

"O que mais nos chocou neste processo foi o não-pagamento das obrigações subordinadas. Não passou pela cabeça de ninguém não pagar as obrigações subordinadas", afirmou.

Em causa estão 263 milhões de euros e 3.500 ex-clientes detentores de obrigações subordinadas.

Em dezembro de 2015, o Banif foi vendido por 150 milhões de euros ao Santander Totta, mas a instituição não assumiu todos os ativos, o que gerou três tipos de lesados: acionistas, obrigacionistas subordinados e obrigacionistas Rentipar ('holding' através da qual as filhas do fundador do banco, Horácio Roque, detinham a sua participação).

Jorge Tomé esclareceu, por outro lado, que o número total de acionistas do Banif era de 27 mil, representando 350 milhões de euros, dos quais 30% eram originários da Madeira.

"Na Madeira, o Banif era o banco mais representativo e era claramente o banco líder, com 32% de quota de mercado", disse, sublinhando que a instituição estava "muito entrosada" com as comunidades de emigrantes e com várias entidades socais, pelo que prestava um "serviço universal".

Jorge Tomé admitiu que em 2012 o Banif era um banco "desalinhado" e com "muitos desequilíbrios".

Contudo, atribuiu à Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia (DG Comp) grandes responsabilidades na aceleração do colapso da instituição, por não aprovar os planos de reestruturação e impor limitações operacionais.

A Comissão Eventual de Inquérito ao Banif da Assembleia Legislativa da Madeira é liderada pelo social-democrata Carlos Rodrigues e composta por deputados do PSD, CDS-PP, PS, JPP e BE.

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas