Os últimos dados da Organização das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD) mostram que o comércio mundial aumentou "cerca de 300 mil milhões de dólares [255,78 mil milhões de euros] durante este período, apesar de um abrandamento do crescimento", segundo um comunicado de imprensa.
Isto corresponde a um aumento de cerca de 1,7% em relação ao segundo semestre de 2024, ajustado às variações sazonais, disse à AFP Alessandro Nicita, economista do Gabinete de Comércio e Desenvolvimento da ONU.
O comércio mundial cresceu cerca de 1,5% no primeiro trimestre, e o crescimento deverá acelerar para 2% no segundo trimestre, segundo as previsões da agência da ONU, que ainda não dispõe dos números definitivos.
"As economias desenvolvidas ultrapassaram os países em desenvolvimento no primeiro trimestre, invertendo a tendência recente que tinha favorecido os países do Sul", refere o comunicado de imprensa.
Esta inversão é explicada por um aumento de 14% nas importações dos EUA e de 6% nas exportações da União Europeia no primeiro trimestre. O forte aumento das importações americanas deve-se à antecipação dos direitos aduaneiros adicionais: "As empresas americanas armazenaram bens antes da entrada em vigor dos direitos aduaneiros, em 5 de abril", explica Alessandro Nicita.
Por outro lado, os países em desenvolvimento registaram uma queda de 2% nas importações. O comércio Sul-Sul estagnou globalmente, embora África tenha contrariado a tendência com um aumento de 5% das exportações.
O relatório alerta para os ventos contrários que se aproximam para o comércio mundial no segundo semestre de 2025, num contexto de contínua incerteza política, tensões geopolíticas e sinais de abrandamento do crescimento global.
As novas tarifas impostas pelos EUA - incluindo uma taxa de base de 10% e direitos adicionais sobre o aço e o alumínio - aumentaram o risco de fragmentação do comércio.
Para a ONU, a continuação da resiliência no segundo semestre de 2025 dependerá da "clareza das políticas, da evolução geoeconómica e da adaptabilidade das cadeias de abastecimento".
Mas há sinais de resiliência: "os índices de frete recuperaram dos mínimos registados no início de 2025, a integração regional está a fortalecer-se e o comércio de serviços poderá continuar o seu crescimento robusto", prevê a ONU segundo o comunicado.
O comércio de serviços continuou a ser o principal motor do crescimento anual do comércio mundial, com um aumento de 9% nos últimos quatro trimestres.
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