Os portugueses têm hoje em dia uma grande variedade de escolha nos concursos de apoio a projetos de negócio: do Norte ao Sul do país multiplicam-se as oportunidades, que até já chegaram aos canais de televisão. Mas antes da crise mundial e da recuperação, estava a dar os primeiros passos um projeto que nasceu em 2008 e que, entretanto, ganhou o estatuto de um dos maiores concursos de empreendedorismo do mundo.
"Não havia cá Shark Tank para ninguém. A Startup Lisboa era uma ideia na cabeça de alguém mas ainda não estava executada. O Web Summit estava a dar os primeiros passos ainda em Dublin e a associação nasceu com uma missão que ainda hoje se mantém: alargar a base", explica o presidente executivo da Acredita Portugal, em entrevista exclusiva ao Notícias Ao Minuto.
O elitismo de alguns dos projetos 'rivais' leva a associação liderada por Pedro Queiró a apostar em projetos diferentes: "Essas macacadas todas são tudo programas fabulosos, mas focados numa estratosfera muito rarefeita. Nunca têm mais que 50 a 100 participantes. Fazem isso duas ou três vezes por ano e chamam a isso um programa de apoio ao empreendedorismo. Isso é tudo maravilhoso, mas nós somos dez milhões de pessoas neste país. E o que é que acontece ao resto?"
A intenção de aceitar "toda a gente e acompanhar todos por igual" serviu de motivação para o lançamento do primeiro concurso da associação que contou com 700 candidatos. Desde aí, o crescimento foi imparável: "De 700 passámos para 1.500 e daí para 2.500. Foi aqui que fizemos a primeira separação dos temas. Crescemos para 14 mil e para a edição de 2015 tivemos 18.700 projetos".
O número de candidatos com projetos distintos levou a uma divisão do concurso em várias categorias, com focos diferentes. Os projetos mais "terra a terra" estão incluídos no Realize o seu Sonho, enquanto as ideias de negócio "com maior capacidade de crescimento e de escala" são enquadradas no concurso InovPortugal. As inscrições para ambos os concursos ainda estão abertas no site da Acredita Portugal.
Para a gala do próximo ano, onde serão anunciados os vencedores, estão prometidas "várias surpresas" e uma maior "abertura à sociedade civil em geral".
Apesar de Pedro Queiró admitir que "os casos de insucesso existem e são mais ou menos inevitáveis", garante que é prestado todo o apoio a quem não consegue implementar os projetos e dá um exemplo de recuperação muito pessoal: "Eu tentei lançar duas startups enquanto estava na faculdade e falharam as duas redondamente. Não fazia a mais pequena ideia do que estava a fazer".
"Foi isso que me permitiu chegar à Acredita Portugal com outra bagagem e conhecimentos. O falhanço faz parte da vida", afirma.
E para quem tiver dúvidas em concorrer aos programas, o CEO da Acredita Portugal deixa uma mensagem de confiança e lembra o famoso exemplo de Steve Jobs: "Se o filho de um emigrante sírio que não consegue acabar um curso superior consegue montar a Apple, porque é que um português médio não há-de conseguir também montar o seu próprio negócio?".
"Toda a gente consegue. Vocês conseguem, só precisam de tomar a decisão de que querem tentar."