Numa nota remetida à Comissão Nacional de Mercado de Valores (CNMV), a entidade catalã, que controla quase 40% do BPI, explica que com a formalização da aquisição entra em vigor "o esquema de protecção de activos".
Esse esquema prevê que o Fundo de Reestruturação Ordenada Bancária (FROB) - entidade que gere os bancos e caixas nacionalizados em Espanha - assuma "durante um prazo de 10 anos, 72,5% das perdas que sofra a carteira de pequenas e médias empresas e de trabalhadores independentes e os riscos contingentes do Banco de Valência".
Nos nove primeiros meses do ano a entidade perdeu 384,9 milhões de euros.
Recorde-se que o FROB assumiu o controlo do Banco de Valência injectando na entidade 5.500 milhões de euros que, posteriormente, acordou vender ao CaixaBank pelo valor simbólico de um euro.
Na nota hoje remetida o CaixaBank explica que o Banco de Valência realiza a 14 de Março uma assembleia de accionistas em que se prevê a aprovação do novo Conselho de Administração.
Até lá continuará a ser o FROB o administrador provisório do Banco de Valência.
A nota de hoje foi remetida ao mercado horas depois da Comissão Nacional de Concorrência (CNC) espanhola ter dado luz verde à aquisição, considerando que com a operação o aumento de cota de mercado do CaixaBank é "muito pouco significativo" à escala nacional.
Com a aquisição de hoje o CaixaBank consolida a sua liderança no mercado espanhol com um volume total de activos, contando Banco de Valência, de 365 mil milhões de euros, acima do Santander (331 mil milhões) e do BBVA (322 mil milhões).
No final do ano, e excluindo os valores do Banco de Valência, o CaixaBank somava 13 milhões de clientes, depois da incorporação dos procedentes da Banca Cívica, recursos totais de 288.568 milhões de euros (mais 19,6%) e uma carteira de créditos de 223.449 milhões de euros (mais 20,1%).
Esta semana o CaixaBank anunciou um programa de ajuste de pessoal em Espanha, devido à absorção do Banca Cívica e do Banco de Valência, que afectará cerca de 3.000 empregados.
Em comunicado, a entidade catalã explica que o ajuste pretende adaptar a CaixaBank "ao contexto actual e melhorar a eficiência de seus recursos" e que abre agora um período de diálogo e negociação com os sindicatos, "que poderá prolongar-se até finais de abril".
A entidade compromete-se a "analisar todas as fórmulas possíveis e alcançar as melhores medidas para ajustar o seu modelo às necessidades de negócio".
"Como em processos similares, a entidade mantém a vontade negociadora e a disposição ao diálogo aberto e permanente com os representantes dos trabalhadores", refere o comunicado.
Desde que o processo de reforma financeira arrancou em Espanha o CaixaBank adquiriu o Caixa Girona e o Bankpime, completando este ano a integração da Banca Cívica e do Banco de Valencia.