A informação da concessionária do empreendimento hidroelétrico em construção em Trás-os-Montes surge na sequência da divulgação por parte da ACT dos resultados de uma inspeção que levou a "três suspensões de trabalhos por situações de perigo grave e iminente para a vida de trabalhadores".
Num esclarecimento por escrito enviado à Lusa, a Elétrica indica que "as situações de suspensão de frentes de trabalho definidas pelo ACT foram pontuais, relativas predominantemente a pequenos acessos e organização de frentes de trabalho" e "já foram resolvidas tendo sido levantadas as suspensões em menos de 24 horas".
A ACT divulgou hoje que, na inspeção realizada na quarta-feira, "as equipas inspetivas depararam-se com problemas graves no que respeita a excesso de tempos de trabalho e problemas de segurança", o que, além das suspensões de trabalhos, resultou ainda em "45 notificações para tomadas de medidas e seis autos de notícia de segurança e saúde no trabalho".
"As inspeções regulares da ACT , quer a esta obra quer às outras que estão em curso, são bem recebidas pela EDP no sentido construtivo do acompanhamento e monitorização da melhoria contínua das condições de trabalho de uma obra muito complexa, cujas circunstâncias físicas da construção e técnicas variam todos os dias", refere a empresa.
Quanto aos regimes de trabalho, a EDP transmite que "é uma situação da responsabilidade direta da entidade empregadora" e que, enquanto dona da obra, "tem incentivado o empreiteiro na procura das soluções mais adequadas".
Desde o início desta obra, em fevereiro de 2011, já morreram cinco trabalhadores e a ACT já realizou várias ações no estaleiro com inspetores de Bragança e Vila Real.
O último acidente mortal ocorreu a 12 de maio em consequência do choque entre um balde com 27 toneladas de betão e um contentor de apoio administrativo que provocou a queda em altura, cerca de 28 metros, de um trabalhador do estaleiro.
Das visitas que a ACT têm efetuado à obra resultaram diversos procedimentos, desde "autos de notícia, suspensões de trabalhos, notificações para apresentação de documentos e para tomadas de medidas".
A barragem de Foz Tua está no chamado pico de obra com mais de mil trabalhadores e dezenas de empresas.
A concessionária aponta "o enchimento da albufeira e entrada em serviço para 2016".
O empreendimento faz parte do Plano Nacional de Barragens com um investimento previsto de 305 milhões de euros e a execução da obra foi adjudicada ao agrupamento de empresas Mota-Engil/Somague/MSF.