Empresas portuguesas procuram visibilidade internacional em Paris
Os empresários portugueses presentes na Foire d'Automne em Paris, que termina hoje, consideram que, na hora das contas, mais do que o lucro imediato, o objetivo da participação em feiras internacionais é ganhar visibilidade e estudar o mercado.
© Reuters
Economia Foire d'Automne
"Cada vez mais o mercado francês está inundado de produtos portugueses. Se o nosso produto não for realmente bom e diferenciador as pessoas não vão comprar", explicou Alberto Fernandes, administrador da salsicharia Bísaro, acrescentando que o objetivo é "dar a provar e adaptar o produto ao mercado".
Presença assídua nas feiras em França - este ano é a sétima - a empresa de Bragança, com 80 anos, pretende conquistar um lugar "em lojas de referência como as Galerias 'La Fayette'" e o investimento já começa a dar frutos com a presença na loja 'Lisboa Gourmet' na capital francesa.
"Em França, há sempre dois objetivos que são o mercado português - que é um mercado de proximidade e um pouco mais fácil ao nível de identificação do produto - mas o grande público-alvo é o francês porque tem uma grande cultura ao nível da charcutaria e do 'gourmet'", acrescentou Alberto Fernandes.
Fernando Cachola também quis testar o mercado e não teve mãos a medir entre servir os clientes que faziam fila e tirar os pastéis de nata do forno. Fundador da empresa Lusodeli há quatro anos, o português radicado em Inglaterra passou por França "no percurso anual de 'shows' [apresentações}" onde apresenta o doce português.
"Todo o meu negócio se direciona para o público final e o objetivo das feiras é estudar a reação das pessoas ao pastel de nata, seja em França, Inglaterra ou Itália, para passar para a outra fase que será a abertura de uma cadeia, de um 'franchising'", explicou.
O balanço é positivo até porque "em Paris o pastel de nata é mais conhecido", acrescenta Fernando Cachola, sublinhando que se trata de um doce "completamente internacional que abrange os gostos de todos os países".
Também pela primeira vez em Paris, está Paulo Rodrigues, distribuidor de vinhos do Porto que "esperava mais aderência ao vinho do Porto".
"As pessoas retraem-se um bocado na questão das provas, não estão ainda familiarizadas com este tipo de vinho nas feiras. Mas noutro aspeto é positivo porque há uma divulgação do produto", descreve.
No seu espaço apareceram "mais franceses" do que portugueses porque "os produtos portugueses estão na moda". A dificuldade é encontrar o seu espaço num mercado dominado "pelas marcas tradicionais", conclui o representante da Quinta da Pedra Alta.
Ao lado do universo dos vinhos e gastronomia, a 9.ª edição da feira apresenta produtos nos setores da habitação, moda e lazer, reunindo 400 expositores para cerca de 130 mil visitantes.
Jorge Caleiro criou, há 22 anos em França, uma marca de artigos de vestuário de estilo náutico e 'sportswear', mas trabalhou sempre com fábricas portuguesas e até se instalou em Portugal há quatro anos para gerir melhor o negócio, depois de uma vida passada em França.
"A notoriedade do têxtil português vem de há uns sete, oito anos. Antigamente era mais a Itália e a França. Hoje, em França não existem fábricas de têxtil e Portugal é uma boa referência", explicou o criador da marca 'Free Gliss'.
Os sobretudos e as camisas são fabricados em Guimarães e as camisolas em Barcelos, estando à venda em várias lojas à beira-mar em França. Ainda assim, o investimento continua porque "há muitas lojas, muita roupa e quando se faz uma feira é para se ser conhecido", conclui.
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