"A expectativa é termos uma produção semelhante à do ano passado, mas estamos um pouco apreensivos porque notamos que o crescimento médio dos frutos está abaixo das expectativas que tínhamos inicialmente e não sabemos se vamos ter uma quantidade igual à do ano passado ou se essa baixa de calibre nos vai conduzir a uma quebra de produção", afirmou à agência Lusa Filipe Ribeiro, presidente da Associação Nacional de Produtores (ANP) de Pera Rocha, com sede no Cadaval, no distrito de Lisboa.
A produção tem vindo a diminuir nos últimos anos, tendo a de 2023 (118 mil toneladas), sido a segunda pior desde 2012, segundos dados disponibilizados pela ANP.
Também a área de cultivo tem vindo a diminuir, passando de 11.325 hectares em 2020 para 10.825 em 2023. Os principais concelhos produtores são Bombarral, Cadaval, Óbidos, Caldas da Rainha, Lourinha, Mafra e Torres Vedras, nos distritos de Leiria e Lisboa.
Para essa quebra, têm vindo a contribuir as alterações climáticas e doenças, das quais as principais são o fogo bacteriano e a estenfiliose, que deixaram de poder ser combatidas com produtos fitofarmacêuticos retirados pela União Europeia.
O setor e a investigação científica estão a trabalhar não só na clonagem de plantas mais resistentes, mas também em soluções de combate às doenças.
A colheita deverá arrancar na próxima semana com cerca de 15 mil trabalhadores, prevendo-se que a pera rocha comece a chegar ao mercado no dia 18.
"Temos para já uma pera bonita e saborosa, o que ajuda a valorizar a fruta no mercado", adiantou.
Na campanha anterior, foram produzidas 115 mil toneladas de fruta, o que permitiu ao setor faturar 150 milhões de euros (ME), dos quais 85 ME com as exportações e os restantes no mercado nacional.
Mais de 70% da sua produção é exportada para 20 países, com três destinos principais a ocuparem o pódio: Europa (50%), Marrocos (20%) e Brasil (20%).
Apesar dos efeitos das alterações climáticas na produção e de existir uma maior oferta de produtos no mercado global, o setor tem conseguido manter a rentabilidade do ponto de vista financeiro.
"Esta baixa de produção tem permitido manter os mercados e pagar mais aos produtores", justificou o dirigente.
Contudo, o setor teme vir a perder receita com as "diferenças cambiais resultantes de dificuldades de algumas moedas e das [anunciadas] sanções norte-americanas", apontou.
Criada em 1993, a ANP representa cerca de 90% dos produtores e da produção de pera rocha em Portugal.
Em 2003, a Pera Rocha do Oeste foi reconhecida pela Comissão Europeia como produto de Denominação de Origem Protegida.
Leia Também: ASAE fiscaliza 17 produtores agrícolas e apreende três toneladas de mel