A bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC) defendeu que quem cumpre os pagamentos nas datas corretas deve ter incentivos fiscais, considerando que o cumprimento do calendário é um dos fatores que dá mais produtividade e sustentabilidade às empresas.
"Os números estão longe de ser os desejáveis. Há ainda muito a mudar. Defendo que devem ser tomadas medidas, por exemplo, quem cumpre os pagamentos a tempo e horas deve ter incentivos fiscais, contribuindo para a mudança de comportamentos", disse Paula Franco, no final da semana passada, no auditório do Banco Santander, em Lisboa, durante a conferência promovida pelo 'Compromisso Pagamento Pontual', subordinada ao tema 'O impacto de pagar a horas'.
Na opinião da bastonária, "pagar a horas é dos fatores que mais produtividade e sustentabilidade traz às empresas".
Paula Franco defendeu que a "falta de organização interna das empresas é, por vezes, um fator com mais peso do que os problemas de tesouraria".
"Urge mudar o chip, pagar o quanto antes e não esperar até ao último dia em que vence a fatura", acrescentou.
A bastonária deu o exemplo da plataforma colaborativa TOConline, que "graças à integração dos sistemas, permite disponibilizar informação atempada aos empresários, alertando-os para eventuais atrasos verificados nos pagamentos".
Num comunicado divulgado, a OCC revelou que na mesma conferência foi conhecido o estudo da Informa D&B Portugal sobre os pagamentos em Portugal e na Europa, relativos a 2025: "Em maio deste ano apenas 20% das empresas em Portugal cumpriam os prazos de pagamento acertados com os fornecedores. Ou seja, só 20 em cada 100 empresas em Portugal paga a tempo e horas, o mesmo é dizer que 80 de 100 não cumprem".
O incumprimento é transversal a todos os setores e regiões. Por dimensão, o incumprimento é maior nas grandes empresas, pois só 4% das grandes empresas cumprem prazos de pagamento.
"O nosso país aparece na listagem dos cinco mais mal cotados, posicionando-se cada vez mais longe da média europeia", segundo a investigação, apresentada nas suas linhas gerais por Augusto Castelo Branco, abrangeu, na sua 11.ª edição, um universo superior a 300 empresas, ainda segundo a OCC.
O 'Compromisso Pagamento Pontual' é uma iniciativa dinamizada pela ACEGE (Associação Cristã de Empresários e Gestores), CIP (Confederação Empresarial de Portugal), OCC (Ordem dos Contabilistas Certificados), IAPMEI (Agência para a Competitividade e Inovação) e APIFARMA (Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica). A OCC aderiu a esta iniciativa em fevereiro de 2020.
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