A privatização da TAP deverá arrancar "nas próximas semanas" e o objetivo do Governo é vender 50% do capital da companhia aérea portuguesa, divulgou o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, na segunda-feira.
"Neste primeiro momento, venderemos menos de 50% do capital. Avançaremos no processo de venda nas próximas semanas. Estamos a tentar encontrar um parceiro internacional que nos possa ajudar a desenvolver a empresa, aumentar as rotas, o número de aeronaves e o investimento na empresa", disse o ministro das Finanças, em declarações à Bloomberg TV.
Miranda Sarmento detalhou que o objetivo passa também por "recuperar parte do dinheiro que os contribuintes puseram na companhia há quatro anos".
Em entrevista à Bloomberg, em Bruxelas, à margem da reunião do Eurogrupo, o governante recusou divulgar a avaliação da empresa feita por consultoras, que diz já ter em mãos. Porém, só será divulgada quando o Governo divulgar o caderno de encargos.
"Quando anunciarmos o processo, o cronograma, as condições de inclusão ou exclusão, tornaremos também pública essa avaliação", apontou Miranda Sarmento.
Quem são os potenciais interessados? Há três em destaque
O ministro das Finanças lembrou também que o Governo recebeu contactos de "vários candidatos potenciais, grandes companhias aéreas, que estão muito interessados" na compra da TAP.
Em março, recorde-se, a Air France-KLM assegurou que mesmo que a privatização da TAP fosse adiada devido à crise política em Portugal mantinha o interesse, mas pediu definição e estabilidade o mais rápido possível.
"O facto de poder haver um atraso de seis ou 12 meses não me parece algo material, mas gostaríamos de ter visibilidade [definição do processo] o mais rapidamente possível", referiu Ben Smith, presidente executivo (CEO) do grupo na conferência de imprensa no âmbito da apresentação dos resultados de 2024.
A Air France-KLM tem o Estado francês como maior acionista, com 27,9%, seguindo-se os Países Baixos com 9,13%. Da estrutura fazem parte também a francesa CMA CGM com 8,8%, a China Eastern Airlines com 4,58% e a norte-americana Delta com 2,8%.
Porém, no início do ano, o diretor da GoodBody Capital Markets e especialista em aviação, Joe Gill, considerou que os grupos IAG e Lufthansa são os candidatos mais óbvios à privatização da TAP, pelo historial de compra de companhias pequenas e solidez financeira.
"Penso que os dois grupos de grande dimensão mais óbvios [na privatização da TAP] são o IAG e o grupo Lufthansa, tudo se resumiria a estes dois, têm um historial de sucesso na compra de pequenas empresas e têm solidez financeira, o que não sei se a Air France-KLM tem, [...] eles têm uma grande quantidade em dívida", apontou Joe Gill, num encontro com jornalistas portugueses, em Dublin, Irlanda.
Como se chegou até aqui?
O Governo já tinha garantido que a reprivatização da TAP arrancaria em 2025, com a intenção de vender 100% do capital, tentar reaver parte do dinheiro que o Estado injetou na recuperação da companhia e manter o 'hub' de Lisboa.
A TAP foi privatizada pelo governo PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho, com o processo a ser concluído em 12 de novembro de 2015, dois dias depois da aprovação de uma moção de rejeição ao programa do executivo.
O consórcio Atlântico Gateway - composto pelos acionistas David Neeleman e o empresário português Humberto Pedrosa - venceu aquele processo de venda, mas a operação foi parcialmente revertida pelo governo PS liderado por António Costa, apoiado no parlamento pelo PCP, Bloco de Esquerda e Os Verdes.
Em 2020, a TAP voltou à esfera do Estado, na sequência do auxílio prestado devido aos problemas causados pela pandemia da Covid-19.
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