Mestrado? Salário 80% mais alto do que trabalhadores com secundário

Os trabalhadores com mestrado recebem cerca de 80% acima de um diplomado com o ensino secundário, segundo um estudo nacional que alerta para uma menor presença de alunos mais carenciados em mestrados.

Diploma escolar inclui atividades dos alunos como voluntariado além das notas

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Lusa
25/06/2025 00:13 ‧ há 6 horas por Lusa

Economia

Emprego

Os jovens mais qualificados recebem mais e têm mais facilidade em encontrar trabalho, conclui o relatório 'Balanço Anual da Educação 2025', um trabalho de investigação desenvolvido pelo Edulog, o 'think thank' para a Educação da Fundação Belmiro de Azevedo.

 

O estudo mostra que um trabalhador com mestrado ganha cerca de 80% acima de alguém com apenas o 12.º ano e, no caso dos licenciados, a diferença salarial é de 45%. No entanto, os investigadores alertam para a baixa presença de filhos de famílias desfavorecidas em mestrados.

Nos últimos anos aumentaram os jovens licenciados e com mestrados, mas a transição para o mestrado ainda "constitui um eixo crucial de desigualdade entre diplomados do ensino superior", salienta o estudo hoje divulgado que analisou a evolução entre 2018 e 2023.

Cerca de 40% dos licenciados transitam imediatamente para mestrado (mais cinco pontos percentuais do que em 2018), mas essa transição "depende muito do contexto dos licenciados com importantes consequências em termos de equidade", salientam os investigadores, apontando que há mais homens a prosseguir os estudos.

Também é mais habitual ver alunos de universidades do que de institutos politécnicos a inscreverem-se em mestrados: 58% dos estudantes de universidades públicas contra apenas cerca de um quarto do sistema politécnico público.

"A desigualdade é também visível nas diferentes taxas de transição entre licenciados com pelo menos um dos pais com ensino superior e os outros licenciados. Essa diferença (de 48% para 37%) reforçou-se nos últimos cinco anos", referem os investigadores.

No mesmo sentido, o abandono precoce é mais visível entre os jovens que são os primeiros da família a frequentar o ensino superior, um fenómeno visível tanto nas licenciaturas, como os mestrados e cursos técnico superiores profissionais (CTeSP).

Os estudantes "de contextos socioeconómicos mais desfavorecidos e de famílias menos escolarizadas enfrentam desafios adicionais, como menor apoio familiar, menos recursos culturais e maiores dificuldades económicas", alertam os investigadores, que acrescentam que "a dispersão de propinas entre os dois ciclos não será também alheia a estas diferenças de transição".

Além de os jovens mais qualificados conseguirem melhores salários, também são cada vez menos aqueles que enfrentam dificuldades em encontrar trabalho.

"Se as taxas de desemprego dos diplomados do ensino secundário, licenciados e mestres eram relativamente próximas antes da pandemia, já nos últimos anos os detentores de mestrados apresentaram taxas de desemprego cerca de 40% inferiores às dos diplomados do ensino secundário", referem os investigadores.

As taxas de desemprego entre os diplomados do ensino superior estavam abaixo de 6% e os profissionais com grau de mestre desceram para valores próximos de 4,7%, enquanto a população ativa com o 3º ciclo do ensino básico continuava com um desemprego superior ao período pré-covid e os detentores de CTeSP exibiram taxas acima de 10%.

Estes números escondem as áreas onde os licenciados continuam a ter mais dificuldade em encontrar trabalho - serviços sociais, áreas da informação e jornalismo e arquitetura e construção -- por oposição aos formados na área da saúde, que apresentam taxas de desemprego de apenas 1,2%.

O estudo mostra ainda que os formados nas áreas da matemática e estatística, engenharias, informática, ciências e educação têm uma propensão abaixo ou próximas do limiar dos 2% da taxa de desemprego.

Os investigadores salientam contudo o impacto da educação desde os primeiros anos de idade na valorização futura no mercado de trabalho. O futuro começa a desenhar-se logo no momento em que as crianças conseguem ou não frequentar creches e ensino pré-escolar, passando depois pela opção entre um ensino científico-humanístico ou profissional no secundário e, finalmente, pelo acesso a licenciaturas e mestrados.

Leia Também: Sistema de avaliação melhorou acesso a medicamentos, decisões continuam lentas

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