Segundo a análise hoje divulgada, "a decisão dos Estados Unidos de duplicar as tarifas sobre o aço e o alumínio --- passando para 50% sobre o valor importado --- está a gerar fortes perturbações ao longo da cadeia de valor industrial americana".
A Coface diz que os preços internos dispararam e em 2025 os índices regionais dos EUA já mostravam aumentos de 20% no aço e 65% no alumínio face ao início do ano.
Ainda assim, segundo a seguradora, a produção de aço nos EUA caiu 2% nos primeiros quatro meses do ano, em linha com a tendência global.
Em relação ao médio prazo, a seguradora considera que "as consequências deverão fazer-se sentir nas margens de lucro das empresas industriais, especialmente no setor automóvel, que será duplamente afetado por custos mais altos a montante e descida de competitividade a jusante".
Já no longo prazo, a Coface identifica um potencial vencedor improvável: o México, alegando que as exportações automóveis mexicanas para os EUA cumprem os requisitos do acordo USMCA, estão isentas destas tarifas.
"Ao mesmo tempo, os custos de produção nos EUA poderão tornar-se tão elevados que as fábricas mexicanas ganhem vantagem competitiva acrescida --- uma distorção de mercado com efeitos geopolíticos relevantes", afirma.
A Coface considera que a escalada protecionista nos EUA pode ser mais simbólica do que estratégica, e que os riscos para a indústria norte-americana são reais, sobretudo se os efeitos colaterais sobre o setor transformador se agravarem nos próximos meses.
"A medida visa proteger a produção nacional, mas levanta dúvidas quanto à sua eficácia económica e ao real impacto sobre o emprego industrial", refere a seguradora.
As tarifas foram anunciadas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no final de maio, durante a apresentação de uma parceria estratégica entre a US Steel e a Nippon Steel do Japão, que prevê um investimento de 14.000 milhões de dólares nas fábricas norte-americanas ao longo dos próximos 14 meses, afirma, referindo que "a intenção declarada é clara: reduzir a dependência dos EUA das importações e impulsionar a sua indústria metalúrgica".
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